Dia da Umbanda: a importância de Exu nos 115 anos de história da religião
Hoje é o Dia da Umbanda
Hoje, 15 de Novembro, a Umbanda completa 115 anos de arte da cura, carregando em si toda a sabedoria e alegria do povo brasileiro e de nossos ancestrais. A luz de velas ao som dos tambores, a história contada por aqueles que já se foram, mas que juram voltar, nos guiar e direcionar por um novo caminho. Por isso, eu gostaria de começar esse texto de uma maneira diferente - não apenas saudando os Caboclos, os Pretos Velhos e todos os Guias e Orixás que nos abençoam e nos curam, mas gostaria de lembrar e ressaltar alguém especial neste Dia da Umbanda.
Dia da Umbanda e o novo começo
Se eu começasse este texto com a célebre frase "Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje" seria muito clichê. Por isso, digo que entre o papel e a caneta existe uma encruzilhada, entre esse texto e você há uma encruzilhada, assim como também ela existe entre o palco e plateia, os amantes, na rua, nas religiões e saberes que o tempo todo se cruzam.
Portanto, vamos bater palmas e saudar, não apenas aquele que mora nas encruzilhadas, mas que lá reina. Aquele que nos protege da sombra, do olhar de tudo aquilo que não podemos ver ou não queremos enxergar. Aquele que fala todas as línguas e está presente em todas as contraversões. O caos que ordena, a boca do mundo que nos traz o Axé e aplica a ciência da paz. Eu saúdo: Laroyê Exu, olhe por nós hoje e sempre.
Exu dá uma volta lá fora
No Dia da Umbanda, neste 15 de Novembro, comemoramos com aquele que representa a resistência, força, coragem e sabedoria das religiões afro-indígenas brasileiras e que no começo de tudo houve a tentativa de deixá-lo de fora. Exu - divindade Iorubá que significa "esfera" - teve o seu nome ao longo da história demonizado não apenas pelas outras religiões, mas pelos próprios praticantes de Umbanda com a tentativa de embranquecimento - ou seja torná-la um braço do kardecismo e do cristianismo, segregando-o, assim, das práticas de matriz africana como Quimbanda, Cabula, Omoloko, entre outras.
Obras como "Exu", escrita por Aluizio Fontenelle, em 1951, onde o autor foi pioneiro na sincretização das entidades Exu com nomes de "demônios" da Goétia; e "Umbanda de Todos Nós", escrito por Matta e Silva, ajudam a ressaltar esse pensamento e ideologia do embranquecimento. Mal sabiam eles que o lado de fora era a sua casa e hoje ele não falta e também nada nos deixa faltar, nos guardando e protegendo na encruzilhada da noite de nossa alma.
Saudação ao povo da rua!
Exu é odara (maravilhoso)! Saúdo Orixá Exu e todo povo da esquerda: Seu Tranca- Ruas, Marabô, Sete Encruzilhadas, Tiriri e a todos os Exus por não deixarem a nossa amada Umbanda cair. Por estarmos aqui hoje, comemorando mais um ano, mesmo com tanta violência, intolerância e ignorância, em um mundo onde terreiros ainda são depredados e queimados. Porém, a fé neles não nos deixam cair, pois são eles que sustentam com vossos tridentes (instrumentos que representam força, vitalidade, energia e poder). Entre tantas batalhas, a primeira vitória é vencer o nosso próprio preconceito e ignorância.
Axé pelo caminho
Por isso, neste Dia da Umbanda, peço a Exu que leve seu Axé e paz, não só aos leitores, mas ao mundo todo. Que as encruzilhadas nos mostrem os caminhos e nos levem às respostas - sejam elas quais forem que estejamos buscando, que possamos nos deixar encararmos por estas palavras, pois, como é dito no ponto: "Aqui na Umbanda, sem Exu não se faz nada".