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Livrai-nos da pressa!

17 ago 2018 - 09h00
(atualizado em 21/8/2018 às 12h42)
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Na oração que Jesus ensina, como se sabe, Ele pede livramento do mal. Hoje, se estivesse por aqui, lá do alto da montanha, também pediria livramento da pressa.

Se Jesus estivesse por aqui, lá do alto da montanha, também pediria livramento da pressa
Se Jesus estivesse por aqui, lá do alto da montanha, também pediria livramento da pressa
Foto: wildpixel / iStock

Estava de passeio. No parque lindo, céu frio e azul de machucar os olhos. Ao meu lado, a preocupação do pai, cuja família eu observava de perto, era, esbaforido, tirar as fotos com o celular.

Pensei: algumas vezes é necessária a “não-ação”. Sim, isso mesmo. A importância de não fazer nada. Um pouco de relaxamento, tranquilidade, se deixar levar pela preguiça.  

Quem foi que disse que dosada, correta, a serenidade não é chave, postura tão nobre quanto a dinâmica de fazer e acontecer?

Acompanhando a batalha agitada entre aquele pai e seus quatro filhos pequenos entendi como precisamos abrir o coração para uma nova proposta de vida e de equilíbrio.

Devemos avaliar nossa época e vidas de abundância e, coerentemente, dar espaço para o “não-fazer” – sentido do espiritual e do eterno; diametralmente oposto ao utilitarismo do fazer (em exagero muitas vezes?), direção do efêmero.

O “não-fazer” carrega consigo o absoluto da perfeição de tudo que pode ficar por fazer. Ele economiza esforço inútil de ações sem nenhuma ação. Assim, perguntava-me: Por que não curtir a experiência? Para que as fotos que, aliás, nem serão vistas depois?

Ouça o podcast Terra Horóscopo:

Faltava àquele pai, inflado de amor e boa-vontade, paz e tranquilidade para se afastar de cobranças (que sequer eram verdadeiramente dele). Ao invés de aproveitar, ele pulava de cabeça em tarefas e ocupações frenéticas.

Via-se que era homem hábil e eficiente. Mas, ali, naquela circunstância, mais se esforçava, mais a corda espremia seu pescoço. Operativo, muito prático, faltava-lhe cultivar uma zona de harmonia, de pura e espontânea concentração na fluidez.

O sábio avança. O mais sábio, nunca avança contra a correnteza! Aceita, acomoda, ajusta. Não contrapõe força maior. Abre mão da violência, inútil em determinadas situações, frente certas coisas.

Gostaria que o meu leitor dividisse comigo essa lição que, mexendo nos nossos brios e estimas, se revela desafiadora e difícil. Entender em profundidade para poder responder às demandas.

Como fazer? Treinar a consciência espiritualizada para enfraquecer o Ego – nosso inimigo, nosso problema, ao mesmo tempo repleto de paradoxais falsas certezas e falsas fragilidades.

Tentando fotos que sequer conseguiu, o pai azedou o passeio. Precisava assimilar que frente à inflexibilidade do Ego, a serenidade sábia seria a estratégia – a diplomacia é sempre melhor do que a guerra! Infelizmente, a pressa dos nossos dias tem impedido a clara compreensão dessa verdade.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

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Fonte: Terra
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