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Carta de mistérios

8 nov 2018 - 09h00
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G, uma amiga, perdeu o marido recentemente. A mensagem que dele recebi deixou-me duplamente feliz.
G, uma amiga, perdeu o marido recentemente. A mensagem que dele recebi deixou-me duplamente feliz.
Foto: iStock

G, uma amiga, perdeu o marido recentemente. A mensagem que dele recebi deixou-me duplamente feliz: primeiro porque a acalentou; segundo porque, num gesto de generosidade, ela permitiu que eu dividisse com meus leitores e leitoras, alguns precisando do mesmo tipo de força e amparo. Leia comigo:

Minha querida. Faz dois anos que parti, mas sinto como se um mísero segundo tivesse passado. O tempo aqui é outro. Corre diferente, de uma forma que não posso explicar. Só posso dizer que é menos misterioso do que aí, como se todos os dias fossem domingos.

Também o pensamento é diferente. Mais claro, deixa tudo nítido como o dia aberto, sem sombras. Lembrança e imagem se agregam num todo completo – e é por isso que não sinto tua falta, apenas te aguardo. 

Também por isso compreendi que não foi você que me encontrou. Eu estava procurando por mim e te encontrei. Os anos que desfrutamos lado a lado fizeram o resto: o teu encontro foi o que possibilitou encerrar minha procura inicial, representou aquele tão ansiado encontro comigo mesmo.

Lição? Conclusão? Aqui tenho a certeza de que estamos encontrados: você e eu, eu comigo, você com você, eu com você, você comigo. Os círculos se completam e se fecham – fortes, sólidos, por todo o tempo. 

Entende então que aquele “Adeus” há dois anos foi apenas uma nota da sinfonia toda que nos destinou o Mistério. O violino suspira logo mais, outra nota sobe, estaremos novamente de mãos enlaçadas, lado a lado, juntos, unidos, felizes. 

Se, então, você me perguntar: “Gostaria que eu estivesse aí?” A resposta seria: “Não”. Sabe por quê? Porque você já está aqui, transmutada e amalgamada, plena e total, da exata forma que estará quando aprazar corretamente as vivências que você precisa completar. 

Eu disse que não era simples de explicar, mas acho que você entendeu esse estar primeiro, que contém um não estar, que contém um vai estar, que se completará num estar adiante, segundo.

Adiante quando? Ah, isso não importa. Como disse, dedica ao que precisa e dentro de algumas luas nossos braços se atrelam de novo. Isso é, se reatrelam num atrelar que nunca se desatrelou. 

Assim te peço: não sente minha falta, sente, ao contrário, minha presença! Eu, daqui, ao contrário de você, sem tua ausência, faço um pouquinho de força para sentir tua ausência (para saber como é e ser solidário), mas fracasso. 

Te aguardo. Espero, abraçado a você, tua chegada.

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Fonte: Marina Gold
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