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Há dez anos, o procurador
de Justiça, professor associado da USP e da
Universidade São Judas Tadeu, Roberto João
Elias, dizia que o Estatuto tratava "a criança
e o adolescente como cidadãos", acrescentando
que o novo texto proporcionaria aos jovens "direitos
especiais".
Agora, no ano 2000, Elias diz que "a lei é
uma coisa e a prática é outra".
O professor da cadeira de Direito da Criança
e do Adolescente acredita que, apesar das dificuldades
existentes para se aplicar o Estatuto, o texto "corrigiu
uma falha grande, que havia no antigo Código
de Menores, retirando o pátrio poder, caso
o pai não tivesse recursos para sustentar sua
família".
Quando o Estatuto havia sido implementado, o advogado
Luiz Flávio Borges D'Urso já alertava
para a necessidade de diminuição da
idade mínima de responsabilidade penal, passando
de 18 para 16 anos. "A lei que prevê a
maioridade penal aos 18 anos é da década
de 40 e visava proteger quem não tivesse compreensão
de sua conduta violenta", explicava na ocasião
D'Urso.
Agora, o atual presidente da Associação
Brasileira dos Advogados Criminalistas confirma o
posicionamento da época em que o Estatuto foi
lançado. "Não mudo nada daquilo
que eu disse anteriormente. Esse critério etário
- 18 anos - é uma ficção."
Segundo o advogado, o critério de julgamento
precisa levar em conta se o indivíduo entendeu
o caráter criminoso de sua conduta.
Se havia muita esperança na época em
que o Estatuto foi lançado, ela continua presente
hoje entre os entrevistados. O psiquiatra Grünspun
lembra que, em 85, lançou o livro Os Direitos
dos Menores, em que falava que, "se nós
começarmos agora a proteger os direitos das
crianças e chegarmos a uma lei, vai demorar
ainda 20 anos para resolver todos os problemas, relacionados
às crianças".
Grünspun diz que a lei já existe, dez
anos se passaram e agora só faltam outros dez
para a solução dos problemas. "Tenho
uma visão profética que nessa próxima
década daremos um passo extraordinário",
avisa o autor.
Redação
Terra / Jornal da Tarde
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