| Muitos advogados, promotores e juízes
não conhecem bem o Estatuto da Criança
e do Adolescente e continuam aplicando diretrizes estabelcidas
no antigo Código de Menores. A denúncia
é feita pelo educador João Batista Cabral,
membro do Conselho Tutelar na Região Sé,
em São Paulo. O Conselho Tutelar, órgão
responsável pelo recebimento de denúncias
e auxílio à elaboração de
políticas públicas para a infância
e adolescência
"As faculdades de Direito não ensinam
a fundo o Estatuto, os advogados saem sem conhecer",
afirma Cabral. Como membro do Conselho Tutelar, ele
tem observado que nem mesmo os governantes parecem
conhecer o Estatuto. O texto estabelece, por exemplo,
que as resoluções tomadas pelo Conselho
de Direitos da Criança e do Adolescente, têm
força de lei. Isso é pouco respeitado
por muitos prefeitos.
O conselheiro tutelar também alerta que há
cidades em que a regulamentação do Estatuto
faz com que os membros do Conselho Tutelar passem
a ser indicados diretamente pelo prefeito. Ignorando
a determinação do próprio Estatuto
de que os membros são eleitos pela comunidade,
os governantes "tiram uma pedra do sapato.
Ameaças de morte - Além das
dificuldades de fazer valer o Estatuto, os membros
dos Conselho Tutelares ainda enfrentam ameaças.
"Já houve casos em que tivemos que tirar
uma criança de casa e o pai, traficante, fez
ameaças de morte. Eram vários telefonemas,
pressionando", conta Cabral.
Por conta disso, dois Conselhos Tutelares na cidade
de São Paulo já ficaram fechados, por
cerca de dois meses. Às vezes é difícil
resistir a tanta pressão. "Tenho vontade
de parar, de deixar tudo isso para outra pessoa",
diz o educador.
Redação
Terra
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