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Tristeza também é uma forma de estar vivo, diz vidente

2 dez 2014 - 09h52
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Foto: iStock

Escrevi recentemente sobre depressão e recebi um monte de e-mails. Noto que a planta amarga da tristeza está bem enraizada em muitos corações. Talvez por culpa de vivermos em época tão desespiritualizada, talvez por culpa de tantos outros fatores além desse, sei lá.

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Nos meus atendimentos é comum deparar-me com tarefa torna penosa, ser, por exemplo, portadora de más notícias: “ela não volta mais”, “o negócio não dará certo”, e assim por diante. Nessas horas penso nos médicos ou nos policiais. Eles também, inúmeras vezes, precisam carregar notícia difícil, informação desagradável, conteúdo que entristece e deprime.

As pessoas se estremecem — lógico! Como dizia o poeta Vinicius de Moraes, “é melhor ser alegre quer ser triste”. Não é fácil acolher as viradas do destino, os revezes da fortuna (como diziam os latinos). Há choro, espernear, conjuro. Movimentação emocional no sentido de afastar o sofrimento. Descargas importantes para que se consiga elaborar o luto, a perda, o sentimento de frustração e de injustiça.

Nessas circunstâncias o trabalho espiritual ganha redobrada importância. Sua potência precisa se efetivar no terreno puramente metafísico, de acertos cármicos, realinhamento de causalidades. É preciso localizar a fonte geradora do impedimento que se observa aqui no plano terreno e, acertando contas, expurgar, descarregar, aliviar a vibração perigosa e negativa.

De resto, cabe entender que não há um aspecto sem seu oposto complementar. Aurora e crepúsculo se revezam no giro da roda do taoísmo. A cultura contemporânea lida mal com a tristeza e a depressão. É pena porque isso só faz aumentar ainda mais o desvalimento, a solidão, os conflitos e angústias de muita gente que só pode ficar — perverso circuito vicioso — ainda mais triste e deprimido.

Por isso mesmo outra tarefa que abraço com regularidade é construir uma espécie de elogio da tristeza e da depressão. Mostrar que elas são uma forma de estar vivo. Uma condição de existência, em sua profundidade lenta e grave, tão (ou mais) humana quanto qualquer outra. 

Infelizmente nossa cultura prefere uma alegria sem base, cheia de artifícios, sem espessura, evasiva, forçada, como um cheque sem fundos. Amadurecer (exatamente o que nossa cultura nega com todo empenho) é entender que para conquistar a alegria é preciso pagar o preço de se encarar a tristeza.

Ninguém morre de dor. Nem da física, menos ainda da psicológica. O sofrimento é uma contraparte da alegria. Como diz um amigo “música que não é triste não é bonita”.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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