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Chico Xavier: uma passagem

29 jun 2018 - 09h00
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Madrugada de 29 de junho. Ali naquela sala toda branca, cândida, estava o velho médium. Aguardava sentado, em silêncio, tranquilo, sereno, absorto. Notou que o barulho ao redor diminuía. Em sua cabeça pipocou um de seus pensamentos: “se tiver que amar, ame hoje”. Disse consigo mesmo: “ideia simples, densa, poderosa”. Neste exato instante ouviu seu nome sendo chamado – claro, completo, sílaba por sílaba.

O médium Chico Xavier durante a comemoração de seu 92º aniversário, em Uberaba (MG)
O médium Chico Xavier durante a comemoração de seu 92º aniversário, em Uberaba (MG)
Foto: L. ADOLFO / Estadão

Na sua longa vida o velho médium tivera oportunidade de trabalhar muitas situações limite como aquela, na exata fronteira entre a vida e a morte. Ele sabia de onde vinha e para onde se dirigia. Naquele momento ele não precisava se afastar de nada, nem se aproximar de canto nenhum.

Levantou-se. Devagar uma impressão estranha tomou conta, como se o corpo, de baixo para cima – pernas, peito, cabeça –, fosse aos poucos perdendo o peso. A luz ao redor ganhava uma intensidade amarela, gema de ovo que o envolvia calidamente, confortavelmente.

Sentiu-se extremamente aliviado da carga que o sagrado corpo físico fora nos últimos anos (e por que não? — agora o sabia — fora sempre...). Pensou na força do amor e na redenção do perdão. Pensou na sua cidade, no seu trabalho, nas pessoas que nele confiaram. Tantos, enfim...

Percebeu a seguir: teria de exercer seu livre arbítrio perante aquela luz e aquele calor que o envolvia. Sentiu a responsabilidade de sua escolha. Seguisse por ali e estaria cumprida sua missão (ela realmente já se cumprira?). Por isso, o que viria a seguir dependia de sua própria decisão.

Pensou e pensou no que queria. Lembrou-se de tanta gente, anônimos e, ao mesmo tempo, conhecidos. Todos os dias as visitas, busca de consolo e carinho. Estava outra vez sentado à sua mesa, cotovelo apoiado, mão na testa. Da folha de papel que tinha diante de si emanava um clarão leve, rosa-pálido, um amanhecer em Minas Gerais, um novo dia que vinha, 30 de junho.

Era um convite em tom de madrigal? Entrou folha de papel adentro como se fosse uma porta. A atmosfera era alentadora, do eterno, do indizível. Com grande emoção viu o céu azul crescendo, crescendo até estar por todo lado. Ele fizera sua opção.

Lá dentro, seus mentores o esperavam, sorrindo. Emmanuel abriu os braços:

— Vem, amigo, vem!

E ele, comovido e curioso:

— O que se faz por aqui?

— Devido à sua recente chegada, agora será um período de descanso para você. E bem merecido.

O médium respondeu animado e rindo:

— Que bom! Quer dizer que tem muito trabalho para se fazer. Como você bem sabe, eu descanso trabalhando. Vamos lá!...

Rápido estava pronto, como de costume, para outra vez nos acolher a todos aqui da Terra.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Marina Gold
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