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O anjo que desceu ao nosso planeta na virada do ano

10 jan 2020 - 08h44
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Foto: iStock

Então, como de costume, nesse primeiro mês, janeiro, saudamos mais um início de ano. Desceu para o nosso planeta, como quem entra num imenso labirinto, um anjo novo que incendiou os relógios.

Em seu olhar azul havia um dia claro como os da infância. Emanava uma luz de alegria que tomou o coração de todas as coisas. Suave, sua missão era nos guiar para dentro de nós mesmos, para o que não pode morrer nos nossos corações.

Ele veio para compor sobre uma imensa página em branco, cheia de caminhos, pronunciar, tornar a palavra e os destinos visíveis. Na sua presença, a noite fria tornou-se cálido dia, as mágoas se afastaram, já não chovia apenas cinzas sobre o nada, renovava-se a paisagem de rios, ventos, árvores, montes e horizontes sem ter fim! A vida de volta, resgatada, com gosto de novidade.

Há pouco fenecia mais um ano com esmaecido cansaço. Hoje renasce a aurora, vibrante, em vivo resplendor. Uma doçura se espalha. Os frutos amadurecem. Os campos comemoram com flores dadas e crescidas. Soam fortes os passarinhos e o dourado do verão começa a mostrar sua face radiante e ardida.

Nessas próximas noites as folhas, embaladas pela brisa, vão roçar continuamente num som fraco, mostrando que viver é passar. Implacável verdade que não se sustenta no vacilante do instante. O sonho a cada sonho ficando mais próximo, a vida mais reta a cada experiência. Proa que poupa o passado, singra na direção contrária. Vela estufada pelo sopro dos acontecimentos, recita que nenhuma hora se repete e no avesso de tudo estão os nomes que guardam os sentidos obscuros dos voos das aves e das despedidas oxidadas.

Na pequena eternidade desse primeiro dos meses que amarras podemos desatar? Descobrir um intervalo nos acontecimentos confusos? Experimentar afundar no sabor secreto de uma tarde quente e tranquila, sustentar somente a memória circular das coisas já experimentadas?

Seguirá conosco, mãos dadas, acompanhando nossas aventuras, a secreta avidez desse momento primeiro, curioso tapete retecido pela continuidade do desejo e da realização. Retornarão as lembranças na soleira já vazia do esquecimento como uma espuma de impossível eternidade. Errar de passos ressonantes pelas pedras irregulares, canto suave e redondo dessa força que purifica sem cessar e de forma inaudita o sangue vibrante do tempo.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui .

Fonte: Marina Gold
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