Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

A dor da perda de um filho pode (e deve) ser superada

Compartilhar

Capaz de ultrapassar o poder do entendimento humano numa sociedade onde o que vale é "ter" e não "se", onde se aprende que o certo é nunca perder, a morte é vista como um castigo; mas para quem tem uma existência bem vivida, na hora que ela chega, simplesmente é bem recebida pela pessoa que partiu. Tenho plena certeza que em episódios como este da morte do caçula da atriz Cissa Guimarães, Deus está ao lado da família confortando-a neste momento difícil.

A concepção da morte no oriente é diferente, pois o conceito da alma em relação à morte é vista como o renascimento para algo melhor; por isso não é considerada de todo tão difícil. No ocidente, é tratada como uma espécie de prática criminosa, escondendo-a das crianças, sendo desdenhada pelos jovens e afastada do pensamento dos mais velhos. Em uma passagem budista, é relatado o episódio da mulher que, segurando o filho morto, procura Buda e pede-lhe para que o reviva. Ele diz que sim, mas antes teria que lhe entregar sementes de mostarda de uma casa onde nunca teria ocorrido uma morte na família. Ela segue sua jornada e, no final do dia, retorna dizendo que não conseguiu o que ele havia pedido, pois em todas as casas, ocorreram perdas. Ela compreende, então, o princípio da morte.

Mas, claro, estamos tratando de amor, de alguém que se ama, especialmente nossos filhos que podem ser perdidos em um percurso de vida que não é visto como algo natural. Alguns explicam que isso seria uma espécie de "sacrifício" para contrair um religare com Deus, já que esta palavra não significa apenas renunciar, abandonar ou perder algo, mas no sentido literal significa "tornar sacro". Toda dor, precisa ser oferecida para um chamamento sagrado, uma vida que pertence, não a nós mesmos, mas a Deus. Aprendemos com o sofrimento que para adentrar ao portal da paz, que é sobremaneira estreito, que ninguém pode atravessá-lo senão pela agonia da própria alma.

Devemos lembrar que a morte se inicia logo após o nosso nascimento e por isso seria mais sensato harmonizar-se com ela e convidá-la para ficar mais perto de nós. Como mestra, nos faria enxergar que a vida não pode ser desperdiçada e que se precisa muito pouco para ser feliz. Se alguém morreu, não sufoque as lágrimas ou abafe o luto; aceite-a; isto já é um passo para não temê-la. A duração do luto dura em média dois meses para que a pessoa possa voltar a resgatar o seu dia a dia. De maneira geral, leva-se dois anos para elaborar a perda. Existem processos anormais onde uma pessoa não sai do luto ou nem entra nele ficando indiferente.

É uma honra se encontrar com a morte depois de uma existência plena e expulsá-la do nosso cotidiano seria a maior das injustiças e também impossível, pois é a melhor das professoras nesta universidade chamada vida.

"A morte não é nada. Apenas passei ao outro mundo. Eu sou eu.Tu és tu.O que fomos um para o outro ainda o somos. Dá-me o nome que sempre me deste. Fala-me como sempre me falaste.Não mudes o tom a um triste ou solene.Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos. Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.Que o meu nome se pronuncie em casa como sempre se pronunciou. Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra. A vida continua sendo o que era.O cordão da união não se quebrou.Por que eu estaria fora de teus pensamentos, apenas porque estou fora de tua vista? Não estou longe, somente estou do outro lado do caminho. Já verás,tudo está bem...Redescobrirás meu coração.E nele redescobrirás a ternura mais pura.Seca tuas lágrimas e se me amas,não chores mais."

Santo Agostinho

Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra