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Volvo dá um tiro no pé quando cobra R$ 4 por kWh de carro elétrico

Nova política de carregamento dos carros elétricos é mesquinha e mostra que a Volvo pensa mais nela do que no futuro da mobilidade nacional

21 out 2024 - 16h17
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Volvo tem uma rede de eletropostos em funcionamento no Brasil, mas quem tem outra marca de carro paga R$ 4 por kWh
Volvo tem uma rede de eletropostos em funcionamento no Brasil, mas quem tem outra marca de carro paga R$ 4 por kWh
Foto: Volvo/Divulgação

A Volvo faz um grande trabalho de reeducação dos motoristas brasileiros sobre a importância dos carros elétricos. É a marca que mais investe em infraestrutura de carregamento em rodovias – e isso permitiu que muitos viajassem longas distâncias sem gasto com eletricidade. Mas algo não é totalmente sincero no discurso da Volvo.

Nos últimos anos a Volvo disse que estava dando uma contribuição à eletromobilidade do Brasil e que a possibilidade de qualquer carro de qualquer marca usar seus carregadores era uma forma de ajudar na infraestrutura. Por óbvio, num país com tantas necessidades sociais, não é o governo quem tem que bancar a energia elétrica dos carros.

Porém, a Volvo constatou que havia abuso. Clientes da BYD e da GWM usavam mais os carregadores da Volvo do que os próprios clientes da marca sueca. Não era justo. De maneira correta, a Volvo acabou com a farra dos carregadores elétricos. Por que teria que ser ela a bancar o crescimento das marcas chinesas? 

Não teria. E apoiamos a cobrança de uma taxa nos carregadores da Volvo. Porém, passados alguns meses, está claro que a atitude da Volvo também é mesquinha. Ela não está apenas cobrando pelo uso de seus eletropostos, mas praticamente inviabilizando o seu uso. Afinal, o valor de R$ 4 por kWh é alto demais e, considerando tudo que envolve uma viagem, vale mais a pena usar um carro a combustão.

A Volvo está dando um tiro no pé ao cobrar essa taxa absurda. Seria mais honesto proibir que clientes de outras marcas usassem os seus carregadores. Pelo valor que está sendo feita a cobrança, a Volvo demostra que a única coisa que realmente lhe interessa é o seu próprio crescimento no mercado. O valor e a atitude não combinam com o bonito discurso da ajuda à infraestrutura.

Seria mais simpático – e talvez mais inteligente – se a Volvo cobrasse um valor de mercado, algo como R$ 2 por kWh. Dessa forma, estaria valorizando seus clientes (que não pagam pelo uso) e também oferecendo a oportunidade para que outros usuários passassem a gostar do uso do carro elétrico em viagens. Quem paga R$ 100 por 25 kWh certamente não gosta da experiência.

Está errada a Volvo se pensa que um atual cliente de carro elétrico da BYD, da GWM, da Volkswagen, da Chevrolet, da Ford, da Renault, da JAC ou da Mercedes, por exemplo, que são marcas que não investem absolutamente nada em infra-estrutura, não podem se tornar um dia clientes da própria Volvo.

Para além disso, a Volvo é uma marca premium, que atende uma parcela rica da população, e não tem a mínima intenção de um dia fabricar automóveis no Brasil. E sabemos que o Brasil seria o paraíso do carro elétrico, devido à sua matriz energética limpa. Oferecer uma rede de eletropostos é uma forma de compensar isso, de dar um pouco de contribuição social à sua presença no país.

Por fim, mesmo sem investir na infraestrutura de carregamento, empresas como a Renault, a BYD, a JAC e a GWM também ajudam a popularizar o carro elétrico ao oferecer veículos por valores realmente acessíveis, enquanto o modelo mais em conta da Volvo custa no mínimo R$ 229.950 (EX30 Core).

Ou a Volvo reduz o preço do seu kWh ou muda o discurso. Se mudar o discurso, está tudo bem. É assim que funciona a sociedade capitalista e a Volvo estará apenas cumprindo o seu papel. Ora, todos nós sabemos que “não existe almoço de graça”. Só não pode dizer que está ajudando o país quando está ajudando apenas ela mesma.

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