China detém 95% dos híbridos plug-in e 80% dos elétricos estocados no Brasil
Bright Consulting alerta: com 87% dos eletrificados vindos da China, fim dos incentivos pode mudar o rumo do mercado brasileiro
O mercado de veículos eletrificados no Brasil caminha para uma transformação acelerada, impulsionada pelo domínio chinês e pelo calendário de aumento da tributação. Dados levantados pela Bright Consulting revelam que, em julho de 2025, os estoques de eletrificados importados chegaram a 139,6 mil unidades, das quais 87% são de origem chinesa.
Segundo o consultor Murilo Briganti, COO da Bright Consulting, esse movimento é estratégico: “A antecipação de estoques por parte das montadoras e importadores chineses mostra a urgência de se preparar para o fim dos benefícios fiscais já datados. Planejamento tributário, estratégia industrial e inteligência de mercado passam a ser diferenciais competitivos”, destaca.
| Tipo de propulsão | Chineses | Total | % de chineses |
| Híbrido | 16.970 | 18.141 | 94% |
| Híbrido Plug-in | 46.626 | 48.999 | 95% |
| Elétrico | 58.209 | 72.545 | 80% |
| Total de eletrificados | 121.805 | 139.685 | 87% |
Esse estoque equivale a 42% do total de eletrificados previstos para serem vendidos em 2025 (cerca de 260 mil unidades). Na prática, significa que quase metade da demanda anual já está garantida com veículos parados nos pátios – em sua maioria chineses.
Vendas de elétricos e híbridos plug-in em ritmos distintos
A Bright Consulting analisou também o comportamento por tipo de propulsão nos sete primeiros meses de 2025. Enquanto os híbridos convencionais (HEV) mantiveram volume estável em relação a 2024, os híbridos plug-in (PHEV) cresceram 54%. Já os elétricos puros (BEV) avançaram 13%.
A surpresa veio dos híbridos leves (MHEV), que mais do que dobraram de volume, mas seguem limitados pela baixa oferta. “Com novos lançamentos previstos, os MHEV devem ganhar relevância e complementar a presença dos híbridos tradicionais e plug-in”, projeta Briganti.
Fim dos incentivos no horizonte explica altos estoques
Atualmente, os eletrificados se beneficiam de alíquotas reduzidas de importação, mas o calendário de cortes já está definido: em julho de 2026 termina o benefício para veículos montados e SKD, enquanto o incentivo para modelos CKD acaba em janeiro de 2027.
Esse prazo explica a corrida por antecipar estoques: fabricantes e importadores querem garantir preços competitivos antes do impacto tributário pleno.
O domínio chinês nos estoques, somado ao aumento da tributação, indica que o mercado brasileiro de eletrificados se encaminha para uma nova fase. O setor terá de equilibrar custos, estratégias de industrialização local e diferenciação tecnológica para não depender ainda mais da China.
“Com os incentivos chegando ao fim, só sobreviverão as marcas que souberem se planejar e se posicionar estrategicamente”, conclui Briganti.
Fonte: Bright Consulting