Censura de 'Deadpool 2' é a melhor coisa que podia acontecer
Ministério da Justiça decidiu que nenhum menor de idade pode ver o filme do Deadpool nem com os pais. E isso é bom.
Nos últimos anos, as liberdades no Brasil têm sido cada vez mais atacadas. Inclusive a liberdade de expressão. Mas não só. Grupos organizados estão lutando contra nossa liberdade de se informar, de se educar, de se expressar. E até de se divertir.
É gente querendo censurar a educação nas escolas, como faz o movimento Escola Sem Partido. É gente querendo censurar qualquer manifestação política que fuja do que eles acham bonito. É gente boicotando palestrantes, tentando calar a boca dos outros à força. Isso vai além da direita e da esquerda. Aliás, muita gente que se diz "liberal" ou "progressista", no que se trata de censura, é igualzinho: censor.
Em 2017, uma exposição sobre sexualidade, patrocinada por um grande banco, foi alvo de muitas críticas, porque seria "blasfema". Acabou sendo interrompida. Foi mais um caso do Brasil se rendendo à censura, no caso ao fundamentalismo religioso.
Mas sabe como é: perseguição dos outros não importa. Só importa quando chega à gente.
Agora chegou num grupo que gosta muito de ter liberdade, mas que geralmente ainda não aprendeu que liberdade não é uma coisa que a gente tem. É uma coisa que se conquista, se arranca de quem quer nos aprisionar. E depois tem que ser defendida com unhas e dentes, cotidianamente, para sempre.
E foi assim que o Ministério da Justiça, nesse país tão injusto, de tantas maneiras, decidiu que nenhum menor de idade poderá ver Deadpool 2. Nem acompanhado dos pais.
Assim, o governo federal ataca não só a liberdade dos jovens, mas a liberdade de seus pais. Diz, em resumo, que eu, pai, não tenho direito de mostrar determinadas coisas para meu filho.
Eu vi no cinema todos os filmes da Marvel com meu filho, desde que ele tinha quatro anos, o primeiro Homem de Ferro. E inclusive o primeiro Deadpool. Eu ia comprar hoje ingresso para Deadpool 2, quando soube de mais esse ato autoritário desse regime que nos foi imposto.
Isso é especialmente patético, nesses dias digitais, em que qualquer garoto pode baixar o filme na hora da internet e ver o que quiser.
Mas também achei útil. De uma certa maneira, a melhor coisa que podia acontecer.
Porque agora, o crescente cerceamento da liberdade que o Brasil vive ficou explícito para os adolescentes de elite, que é quem tem dinheiro para ir ao cinema, para pagar pipoca e refrigerante caro.
Agora, não tem como eles fazerem de conta que o problema é dos outros. Agora, a censura passou a ser problema deles. (e, claro, dos pais deles, como eu, que queriam curtir junto com os filhos o besteirol de Deadpool).
O primeiro passo para derrotar um inimigo é reconhecer que ele existe, está aqui, é perigoso e nos está causando dano. A censura é insidiosa, é um vilão maquiavélico, que vai enganando as pessoas que está fazendo o bem, que vai dominando a situação. Não é Thanos. É Loki.
E dependendo de quem for eleito esse ano para presidente, e para o congresso, a censura vai aumentar. E vai aumentar muito.
Derrotar o autoritarismo é a missão de todo herói. Agora é dos garotos e garotas que não podem ver Deadpool 2. Quem sabe, a sua.
Dê sua opinião:
Veja também: