Fórmula E acelera o X-Trail: Nissan usa pistas para otimizar tecnologia do SUV

Sistema de tração integral e4Orce do modelo, que chega ao Brasil em 2026, tem desenvolvimento acelerado nas pistas de corrida

8 dez 2025 - 08h00

Após muitas idas e vindas, a Nissan enfim confirmou o lançamento do X-Trail no Brasil. De acordo com a fabricante, o SUV médio chega ao nosso país, caso os planos não mudem, até o fim de 2026. E com tecnologia que será, de certo modo, aperfeiçoada nas pistas. Mais especificamente na Fórmula E, que abre a temporada 2025-26 neste sábado, 6, em mais uma edição do ePrix de São Paulo, com largada programada para as 14h.

O Nissan X-Trail vem com a tração integral inteligente e4Orce (lê-se e-force). O sistema usa dois motores elétricos independentes - um na dianteira e outro na traseira - para controlar tração e, por conseguinte, equilíbrio da carroceria, subesterço e sobresterço.

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Usualmente, uma tração mecânica convencional faz uma distribuição 50:50 da força motriz. Já um sistema como o da Nissan é capaz de alternar de 100:0 a 0:100, aponta a empresa. Gerencia em milissegundos o quanto de torque vai para o eixo dianteiro e para o traseiro (um vetorizador longitudinal) com extrema rapidez, antes mesmo da atuação do controle eletrônico de estabilidade (ESC). Desse modo, há garantia de aderência.

Se nos automóveis de passeio, como o Nissan X-Trail, uma tração integral é pensada com foco em conforto e estabilidade, nos carros de corrida da Fórmula E tem outra funcionalidade. O objetivo aqui é maximizar performance em arrancadas e saídas de curva, bem como otimizar algo importantíssimo na categoria de monopostos elétricos: a energia.

A categoria adotou tração integral a partir da geração de carros Gen3 EVO, usados desde 2024-25. O sistema será levado aos modelos Gen4, que prometem potência máxima de 600 kW (o equivalente a 816 cv), configurações de alto e baixo downforce e desempenho que deve ficar entre o de um Fórmula 1 e um Fórmula 2.

Tecnologia do Nissan X-Trail nas pistas

De acordo com Tommaso Volpe, diretor-geral da equipe Nissan na Fórmula E, o time vem trabalhando com "insights" obtidos pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento da montadora para entender melhor os seus carros. "Aprendemos muito sobre a tração integral por meio do que a empresa já tinha para automóveis de passeio. Assim conseguimos maximizar eficiência", salientou.

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Claro que o sistema usado no Nissan X-Trail e o utilizado pela Fórmula E têm suas distinções. Bebem, porém, da mesma fonte. Ambos são AWD elétricos com dois propulsores com vetorização de torque em tempo real. Mapas e calibração são completamente diferentes.

Mas as similaridades garantem vantagens. Tanto é que a equipe Nissan terminou a temporada passada na terceira posição e conquistou o mundial de pilotos com o britânico Oliver Rowland. E pode ir além em 2025-26 graças à tecnologia presente no X-Trail, que chega em breve ao mercado brasileiro. "O desenvolvimento dos carros Gen4 nos permite trabalhar a tração integral e usar o algoritmo da e4Orce para explorar novas possibilidades", disse Volpe.

A relação entre time e montadora de veículos, contudo, não é de mero comensalismo. Existe reciprocidade.

"Estamos testando novas tecnologias para as 'devolver' à Nissan. Pegamos a base de dados existente, testamos em nosso contexto e levamos ao core business [produção de carros de passeio]", comentou o diretor da única equipe japonesa da Fórmula E. "Não há nenhum esporte a motor no momento que gere mais dados e conhecimento para o setor automotivo que a nossa categoria. Nós geramos mais valor em pesquisa e desenvolvimento, e isso deve ser mais divulgado", completou.

Em resumo, devemos ter uma versão otimizada da tração integral inteligente da Nissan pintando nas ruas daqui a pouco. Quem sabe já em uma atualização de software para o vindouro X-Trail.

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