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Triste é a morte; mais triste quando se é jovem

10 dez 2019 - 09h00
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Ela chegou pela tela e me dilacerou. A morte dilacera. Quando se trata de pessoa jovem, de maneira ainda mais consistente. Desaba sobre nós uma sensação de hora incerta, um horror de chumbo cinza.

Jazigo em cemitério.
Jazigo em cemitério.
Foto: Fábio Motta / Estadão

Entre todos os lugares, é lá que menos se quer que um jovem brinque, na Eternidade. Ela, indispensável e inviolável, infelizmente, não respeita nossa vontade, não respeita qualquer vontade.

O dia ainda não tinha clareado e a partida, dura, se anunciava. Na calçada, a claridade da manhã ia ainda demorar uma hora para brilhar. Escuros também os olhos de quem viu. Inquietos dias: um a mais, um a menos.

Morreu assim aquele irmão, frágil, no avesso da festa, na tristeza do baile. Tão jovem. Apavorantemente jovem. Uma história sem linha. Uma espiral enrodilhada que, cortada à adaga, antecipa o que não poderia ou deveria ser apressado.

Triste. O que resta? Duplo aprendizado: a benevolência que brota da compreensão da leveza disso tudo aqui, o compromisso reiterado com a motriz maior daquilo tudo lá – a Espiritualidade.

Minha dor ao ver o corpo deitado, o sino do coração silenciado, só pode ser aplacada pela certeza das missões difíceis de serem abraçadas: o que sabemos? Nosso dentro está fora. Nossa ordem é desordem – ainda que aparente ordem, para piorar.

Como não gelar ao relento desse vento cortante? O abrigo da prece. Abraço que aconchega aplainando as desgraças. Analgésico da aguda raiz da tristeza, desloca a dor para a purificação.

Em prece, pelo jovem escolhido, cedo, não pela vida, mas pela transcendência, assim gostaria que ele escutasse minha mensagem:

Agora, já passou.

Calma, rapaz.

O que era medo, agora é proteção.

O que era inesperado, agora é certeza. 

 A lágrima evapora no calor da misericórdia.

Seu caminho não terminou.

Há muito para percorrer aí na outra face.

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Fonte: Marina Gold
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