Procuradoria de Paris investiga ataque aos correios franceses reivindicado por hackers pró‑Rússia
O ciberataque que atingiu o serviço postal francês, La Poste, poucos dias antes do Natal, ainda estava em curso nesta quarta-feira (24), embora "tenha diminuído de intensidade". O ato foi reivindicado por hackers pró-Rússia, segundo a operadora postal e a Procuradoria de Paris.
A mensagem "um ciberataque ainda está em curso. O acesso a nossos serviços online melhora progressivamente" continua sendo exibida no site da La Poste nesta quarta-feira. O texto também informa que as operações bancárias e postais nas agências dos correios funcionam normalmente.
O ciberataque ocorreu no início da semana do feriado de Natal, o período mais movimentado para a La Poste. Nos dois últimos meses do ano, a empresa classifica e entrega cerca de 180 milhões de encomendas.
A La Poste apresentou uma queixa na terça-feira (23). Na segunda-feira (22), o grupo afirmou que nenhum dado sensível foi roubado, descrevendo o incidente como um ataque de "negação de serviço".
Essas invasões cibernéticas envolvem a sobrecarga de sites e aplicativos com solicitações direcionadas, tornando-os inacessíveis. Segundo a Procuradoria de Paris, uma investigação foi aberta "por atos de obstrução do funcionamento de um sistema automatizado de processamento de dados" e confiada à Unidade Nacional de Cibercrimes (UNC) e à Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI).
Reivindicação suspeita
A Procuradoria confirmou também que o grupo de hackers pró-Rússia NoName057(16) reivindicou a autoria. Essa quadrilha é responsável por numerosos ataques direcionados principalmente à Ucrânia, mas também a seus aliados, incluindo a França,
O pesquisador de segurança cibernética Baptiste Robert pediu, em sua conta no X, cautela em relação a essa reivindicação, que considera "tardia". Ele observa que é "comum ver declarações oportunistas" de grupos que buscam atenção da mídia.
Além disso, a reivindicação do grupo menciona apenas o nome de domínio "lidentite.numerique.laposte.fr", cujo acesso não havia sido totalmente interrompido.
"A entrega de encomendas e correspondências ocorreu normalmente hoje", escreveu o grupo postal em uma mensagem no final da tarde de terça-feira, apesar "deste contexto difícil". Mais cedo, o ministro francês da Economia, Roland Lescure, havia enfatizado que "a principal prioridade" era "garantir que as encomendas chegassem a tempo para o Natal".
Também houve lentidão nos serviços bancários oferecidos pela empresa e dificuldades no acesso às centrais de atendimento.
RFI e AFP