Retrospectiva: Os principais fatos do mundo gamer em 2025

Entre grandes lançamentos, crises internas e um futuro em redefinição

28 dez 2025 - 11h59
Retrospectiva: Os principais fatos do mundo gamer em 2025
Retrospectiva: Os principais fatos do mundo gamer em 2025
Foto: Reprodução/Kepler

Chegamos ao final de mais um ano eletrizante e, como sempre, o universo dos games nos proporcionou uma montanha-russa de emoções, novidades e, claro, muitas horas de jogatina. 2025 não foi diferente, consolidando tendências, apresentando lançamentos de peso e redefinindo a forma como interagimos com os mundos virtuais dos games.

Em meio a essa montanha-russa de inovações, surpresas e nostalgias, podemos traçar um panorama das tendências e acontecimentos que marcaram o ano no mundo gamer. Se liga na nossa retrospectiva e confira o que realmente bombou e marcou o ano no cenário gamer em 2025.

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O Jogo do Ano: Clair Obscur: Expedition 33

Enquanto 2025 foi repleto de expectativas cumpridas e superadas, um jogo, em particular, conseguiu se destacar em todas as frentes. Clair Obscur: Expedition 33, desenvolvido pelo estúdio indie Sandfall Interactive, não só levou para casa o cobiçado prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2025, mas também acumulou um recorde histórico de nove estatuetas, e se tornou um símbolo do que a indústria pode alcançar quando combina inovação com narrativa envolvente.

A consagração deste RPG não se deu apenas por sua jogabilidade impecável ou suas mecânicas inovadoras, mas pela maneira como sua história ressoou com uma audiência global. A obra abordou temas de existência, identidade e escolha com uma profundidade rara, fazendo de cada decisão no jogo um reflexo da luta interna de seus personagens.

Não foi apenas mais um jogo de fantasia — foi um convite a refletir sobre o próprio papel do jogador no mundo virtual.

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Os lançamentos que fizeram barulho

Clair Obscur: Expedition 33 não foi o único a brilhar no palco, alguns outros jogos conseguiram se destacar como verdadeiros acontecimentos. Ghost of Yotei, por exemplo, expandiu o legado de Ghost of Tsushima com uma abordagem mais contemplativa, apostando na atmosfera e no conflito interno de seus personagens. Não foi unânime, mas deixou sua marca.

Death Stranding 2: On the Beach reforçou o viés autoral de Hideo Kojima, aprofundando temas como conexão e luto em uma experiência que desafia convenções e se recusa a ser óbvia. Já Metal Gear Solid Delta: Snake Eater mostrou que é possível revisitar um clássico com respeito, preservando sua identidade enquanto atualiza sua apresentação para uma nova geração.

E, claro, Hollow Knight: Silksong finalmente chegou, depois de uma longa espera, e justificou a ansiedade com uma sequência refinada e desafiadora, consolidando o estúdio Team Cherry como um dos maiores nomes do indie moderno.

No meio desses gigantes, Donkey Kong Bananza também se destacou, trazendo uma reinterpretação vibrante e cheia de ritmo da clássica franquia. Exclusivo para o Nintendo Switch 2, o jogo trouxe novas mecânicas de plataformas e uma narrativa mais profunda, mostrando que Donkey Kong ainda tem muito a oferecer em uma era de novos desafios para os velhos heróis.

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A ascensão da Inteligência Artificial

Foto: Reprodução

Se 2024 já indicava o caminho, 2025 foi o ano da consolidação da Inteligência Artificial (IA) como uma ferramenta indispensável na indústria dos jogos. Desde a adaptação de NPCs que respondem dinamicamente às ações do jogador, até a utilização de IA para criar narrativas mais profundas e personalizadas, o impacto dessa tecnologia foi visível em praticamente todos os títulos de peso lançados.

A IA não só ajudou a aprimorar a experiência do jogador, tornando-a mais imersiva, mas também teve um papel crucial na personalização. Principalmente em jogos de RPG, as escolhas feitas pelo jogador influenciam diretamente a evolução da narrativa, e a IA é responsável por gerar respostas e reações de personagens de maneira que pareçam naturais e orgânicas.

Grandes empresas estão redesenhando seus fluxos de trabalho com a IA como peça central. A Square Enix, por exemplo, anunciou um plano ambicioso para que a IA seja responsável por automatizar mais de 70% das tarefas de controle de qualidade e depuração de jogos até o fim de 2027 — um movimento que sinaliza uma grande mudança na forma como fases repetitivas e exaustivas de teste são realizadas.

Em paralelo, a Microsoft revelou planos para um catálogo de jogos que utilizem IA generativa de forma mais profunda, inclusive em elementos de gameplay e conteúdo visual. Segundo o CEO Satya Nadella, ferramentas como o modelo Muse podem gerar parte do conteúdo de jogos com base em dados de jogabilidade, abrindo espaço para experiências emergentes e dinamicamente adaptáveis.

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A IA também passou a ser vista como ferramenta estratégica e criativa. Empresas periféricas à produção de jogos, como a Razer, investem em ferramentas como o Game Assistant e o QA Companion — recursos que monitoram a jogabilidade em tempo real, oferecem dicas personalizadas e automatizam a detecção de bugs, reduzindo significativamente o tempo gasto em testes e permitindo que desenvolvedores humanos concentrem sua energia em aspectos de maior valor criativo.

Além disso, a IA tem sido uma aliada das ferramentas de criação de conteúdo, acelerando a produção de vídeos e clipes para as plataformas sociais. A velocidade com que os criadores conseguem reagir ao lançamento de jogos e construir uma narrativa em torno deles nunca foi tão alta.

Mercado de games: consolidação e diversificação

O lançamento do Switch 2 impulsionou as vendas de consoles em 2025
Foto: Reprodução

2025 não foi apenas um ano de grandes jogos, mas também de números impressionantes. O mercado global de games deve superar a marca dos US$ 188,8 bilhões (de acordo com relatórios da consultoria Newzoo, referência no setor), representando um crescimento de 3,4% em relação a 2024, com jogos mobile liderando (responsável por cerca de 55% da receita), mas com os consoles apresentando o maior crescimento impulsionado por novos lançamentos como o Nintendo Switch 2.

A Sony também teve um bom ano, revelando em novembro que o seu PlayStation 5 já ultrapassou 84 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, e que seu grande lançamento do ano, Ghost of Yotei, vendeu vendeu 3,3 milhões de cópias em um mês.

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O número expressivo da receita global também consolida a indústria dos videogames como uma das maiores e mais lucrativas do entretenimento. O Brasil manteve sua posição como líder na América Latina, com um crescimento significativo no consumo de jogos digitais e serviços de streaming de jogos.

Ainda que o grande lançamento do ano, Grand Theft Auto VI, tenha sido adiado para 2026, o hype em torno do título já movimentou o mercado e foi um dos principais motores de discussões no mundo gamer.

Demissões, fechamentos de estúdios e as tensões da indústria

Foto: Reprodução

Enquanto muitos celebravam os grandes lançamentos de 2025, nos bastidores a realidade para quem cria os jogos foi bem mais dura. A indústria enfrenta uma onda significativa de demissões e reestruturações que afetaram estúdios grandes e pequenos ao redor do mundo, revelando um momento de transição complexa no mercado de trabalho dos games.

Diversos indicadores apontaram que demissões em massa e reorganizações organizacionais se tornaram recorrentes ao longo do ano — um fenômeno que vem se desenrolando desde 2023 e ganhou intensidade em 2025. Pudemos observar no decorrer do ano que uma porcentagem considerável de desenvolvedores foi impactada diretamente por cortes de equipe, muitos sem explicação clara, refletindo uma instabilidade que atingiu desde funções criativas como narrativa e arte até cargos técnicos e de produção. 

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Grandes corporações também estiveram no centro das notícias mais difíceis. Empresas como Microsoft, EA, Amazon, Square Enix e Niantic, realizaram cortes que atingiram milhares de funcionários e levaram a cancelamento de projetos, impulsionadas por fatores como reestruturação pós-pandemia, busca por lucro, avanço da IA e retorno ao trabalho presencial.

O resultado é um panorama onde, mesmo em meio a avanços tecnológicos e títulos memoráveis, a vivência do desenvolvimento de jogos ganhou contornos mais tensos e introspectivos — um lembrete de que a cultura gamer também é feita de pessoas e comunidades que sentem cada transformação na pele.

Um ano de contrastes e transformação

Foto: Reprodução

2025 foi, sem dúvida, um ano de contrastes intensos no universo gamer. Entre conquistas culturais, narrativas inesquecíveis e tecnologias que nos levaram mais longe, houve também um choque de realidade vivido por quem está por trás dos jogos — trabalhadores que viram seus empregos desaparecerem, equipes se reconfigurarem e, em muitos casos, estúdios que deixaram de existir.

Tal como as narrativas mais impactantes de um game, esse ano nos lembra que a indústria dos videogames é tanto um produto cultural quanto um espaço de trabalho, sujeito às mesmas pressões econômicas, estratégicas e humanas que moldam o mundo real.

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Olhar para 2025 com honestidade significa celebrar suas vitórias e enfrentar suas feridas — e usar esse aprendizado para construir um futuro onde jogos continuem a inspirar, desafiar e conectar pessoas em todo o planeta.

Fonte: Game On
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