Metal Gear Solid Delta tem Snake retornando em grande estilo com excelente remake
Snake enfim reaparece em uma de suas clássicas missões de infiltração e espionagem
Sumido dos radares desde 2015, quando o último game da série principal, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain foi lançado, Snake enfim reaparece em uma de suas clássicas missões de infiltração e espionagem. Lançado originalmente em exclusividade para o PlayStation 2 em 2004, Metal Gear Solid 3: Snake Eater transporta o jogador para o ano de 1964, época em que mundo viveu a chamada "Guerra Fria", um embate geopolítico entre o bloco ocidental, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco soviético liderado pela então União Soviética.
No game, cabe ao agente "Naked Snake" (que depois ganhou a alcunha de Big Boss em jogos posteriores da série) evitar que um poderoso general russo se apodere de um novo veículo militar capaz de disparar mísseis nucleares. Para alcançar esse objetivo, Snake também terá que derrotar The Boss, sua antiga mentora, que supostamente passou para o lado dos soviéticos.
Welcome to the jungle
Agora sob o título de Delta, Snake Eater foi inteiramente refeito pela Konami sob a Unreal Engine 5, o que significa que todos os elementos gráficos foram totalmente modernizados e seguem o padrão dos games atuais.
Snake e os personagens principais tiveram seus visuais e animações significativamente melhorados em relação ao game de 2004, e estão mais expressivos do que nunca. Os soldados comuns também contam com boas animações, e inclusive reagem de forma distinta aos ataques dos jogadores. Por exemplo, caso sofram um tiro na perna ou no pé, eles mancam e demonstram dificuldade para atirar de volta.
Os cenários também tiveram grande evolução. A iluminação é totalmente nova e conta com sombras dinâmicas, além de um ciclo dia/noite ter sido implementado. Folhas e plantas reagem à movimentação dos personagens, assim como pontes e plataformas, que podem balançar e dificultar a movimentação do jogador. Efeitos como explosões e fumaça também têm bom nível de detalhes. A versão PC do game (que foi utilizada para esta resenha) conta com excelente desempenho, e não exibiu nenhuma queda de quadros por segundo, mesmo em situações de estresse para o jogo, como, por exemplo, quando Snake é detectado e a tela enche de soldados, tiroteios, granadas, etc. O único problema ocorreu durante as cenas com os gráficos do jogo (in-game cutscenes), que sofrem micro stutters, pequenas travadas que são ainda mais perceptíveis quando as cenas exibem cortes rápidos de edição e/ou viradas bruscas de câmera.
Por outro lado, apesar do excelente desempenho e dos visuais muito bem feitos, a versão PC é pobre em opções de configuração. Diferente de vários outros games atuais, poucos efeitos podem ser ajustados, não há nenhuma informação sobre consumo de memória ou desempenho, e estranhamente o game é limitado a 60 fps, mesmo que o jogador tenha monitores com taxas de atualização maiores.
Tradição e modernidade
Além dos visuais bastante modernizados, a grande novidade deste remake é a possibilidade do jogador experimentar duas formas completamente distintas para jogar Metal Gear Solid Delta. Caso o jogador opte pelo "Legacy Mode", ele terá uma experiência que segue à risca o original de 2004, ou seja câmera com ângulo fixo e em vista superior e mais distante de Snake, que passa para primeira pessoa quando mira sua arma.
Já o "New Mode" funciona como um game atual, que conta com câmera mais próxima a Snake e pode ser ajustada livremente com um segundo direcional analógico, além de dar mais opções de mira ao jogador. Apesar do sistema de camuflagem ser o mesmo, ambos os modos permitem ao jogador customizar as funções dos botões.
Talvez pela preocupação de que o novo modo tornasse o game mais fácil, além de adicionar uma nova dificuldade chamada "European extreme", a Konami tentou ajustar a IA dos soldados. Esse ajuste entretanto acabou gerando situações de jogo incoerentes, em que os soldados às vezes eram verdadeiros ninjas e às vezes completos tapados. Houve também situações de surdez seletiva, em que soldados simplesmente não ouviam um grito de um companheiro atingido por tiro de silenciador, mas ao mesmo tempo entravam em alerta quando Snake caminhava junto a uma parede próxima. Também foi bastante frequente soldados que recobravam a consciência após serem batidos ou atingidos por tiros tranquilizantes retomarem suas rotinas como se nada tivesse acontecido.
Boa parte dessas inconsistências já estavam presentes no game original, e apesar dos ajustes e correções, ficou claro que a Konami preferiu modernizar, e não reformular o Snake Eater original. A estrutura de 2004 foi mantida intacta, e fica evidente que alguns aspectos envelheceram. Por exemplo, ao contrário dos jogos atuais, que costumam ter grandes ambientes exploráveis, em Delta fica claro que a selva foi dividida em "salas" conectadas por corredores, continuando, portanto, como um game linear.
A trama e as cenas também seguem o padrão original, e felizmente, ao contrário de Metal Gear Solid: The Twin Snakes (remake de Metal Gear Solid lançado para GameCube em 2004) não há exageros nem invencionices. Ainda sobre respeito ao game original, a Konami manteve a dublagem presente no PlayStation 2, mas ainda assim chamou o elenco de Snake Eater para gravar falas adicionais, assim como o tema do game ganhou uma nova versão.
Missão cumprida
A Konami jogou seguro, não arriscou e assim fez de Metal Gear Solid Delta: Snake Eater uma bela e remodelada versão de Snake Eater. Se é verdade que algumas limitações do game de PS2 ainda permanecem, o novo modo e as modernizações presentes justificam viver mais uma vez a missão de Naked Snake em salvar o mundo e se tornar o Big Boss.
Metal Gear Solid Delta: Snake Eater chega em 28 de agosto para PC, PlayStation 5 e Xbox Series.
Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Konami.