Donkey Kong Bananza é um banquete de bananas e nostalgia no Switch 2
O gorilão voltou em 3D e agora a treta é pessoal e falada em português!
Depois de mais de duas décadas tentando encontrar seu lugar no mundo dos jogos 3D, Donkey Kong finalmente volta com estilo, carisma e uma pancada de boas ideias voxelizadas. Mas atenção: Bananza não é uma continuação espiritual de Tropical Freeze nem Donkey Kong Country Returns.
Esquece aquela estrutura de plataforma lateral com trilhos de mina e barris canhão. Aqui a conversa é outra: a Nintendo olhou pro infame Donkey Kong 64, fez cara feia, e decidiu começar de novo. O resultado? Um jogo que se aproxima mais de Astro Bot do que de qualquer coisa que a franquia já fez — e que faz jus ao gorilão de gravata com uma das aventuras mais criativas da Big N nos últimos anos.
Logo de cara, a gente sente que Bananza é um projeto especial. O jogo foi desenvolvido pela equipe da Nintendo EPD — a mesma de Super Mario Odyssey — e traz direção de Kenta Motokura com produção de Kazuya Takahashi, sob a supervisão do lendário Koizumi e consultoria de Miyamoto.
O pedigree é forte, e a execução acompanha: a aventura é toda construída em camadas subterrâneas chamadas Layers, onde DK precisa recuperar suas preciosas bananas de ouro (as Banandium Gems) enquanto descobre os planos sinistros da empresa mineradora Void Co.
E aí, no meio da bagunça, quem aparece? Pauline, sim, ela mesma, agora com 13 anos, poderes ativados e dublagem completa em português do Brasil. Isso mesmo: o jogo inteiro está em português, com menus, falas e até reações dos personagens simiescos traduzidos com carinho. A localização é tão bem-feita que vira parte da experiência — ouvir a Pauline cantando ou o DK reagindo com expressões legendadas torna tudo mais envolvente. Não é exagero dizer que é uma das melhores localizações da Nintendo em anos.
Mas o que realmente define Bananza é a liberdade destrutiva. DK pode socar, cavar, arrancar pedaços do cenário e até surfar neles, como se o mundo fosse um grande playground voxel. A sensação de poder e o prazer de ver tudo se desfazendo em cubos é viciante.
E o melhor: o jogo sabe equilibrar isso com exploração inteligente. Sim, você pode quebrar tudo — mas será que deve? Em vez de te recompensar só pela força bruta, Bananza convida você a explorar, testar soluções criativas e descobrir segredos escondidos em cada canto.
Falando em segredos, Donkey Kong Bananza também traz um leve tempero de RPG, permitindo que você use as Gemas de Banândio coletadas para evoluir o DK. É possível distribuir pontos de habilidade para deixar o gorilão mais forte, mais resistente ou até desbloquear novas manobras.
E, claro, você também pode gastar seu Banândio em roupinhas alternativas, com direito a capacetes, ternos e até skins estilosas que transformam DK no gorila mais fashion da selva voxel.
Outro destaque são as Transformações Bananza. Aqui, DK pode assumir formas inspiradas em animais, como a Zebra ultra-rápida, o Avestruz planador, e o Kong Bananza, uma versão super musculosa digna de luta livre.
Cada forma serve a um propósito no gameplay, seja quebrando paredes específicas, voando por curtos períodos ou atravessando áreas com agilidade. E diferente de outros jogos que esquecem seus próprios power-ups, Bananza reaproveita tudo: você sempre volta aos níveis anteriores com novas habilidades e descobre coisas que antes pareciam inalcançáveis. O design é circular, esperto, divertido.
Agora, vamos falar do DK em si. O novo visual do gorilão é uma obra-prima. Com um estilo cartunesco bem exagerado e fluidez nas expressões faciais, ele se arrepia de frio, soa no calor, faz careta quando pisa em lama e troca olhares fofos (ou tensos) com Pauline dependendo da situação. O design lembra muito animações da Illumination, só que com muito mais personalidade e sem Minions gritando ao fundo. Ver o DK reagindo com tanta emoção às maluquices do mundo voxel é parte do charme.
E por falar em maluquice: os mundos subterrâneos de Bananza são verdadeiros parques de diversão. Tem fases com gelo, lama, floresta, desertos cheios de doces, e até uma camada-resort onde você surfa em minérios flutuantes ouvindo lounge music.
Cada Layer apresenta uma nova mecânica, que some antes de enjoar. E o jogo ainda entrega desafios extras no estilo Shrines de Zelda, missões opcionais e desafios secundários bem criativos — inclusive mini-jogos de escultura no modo DK Artist, que vai te fazer perder horas esculpindo bananas ou testando seu talento pra chapéus de personagens da Nintendo.
Pra fechar, o modo cooperativo também brilha. Pauline pode ser controlada por um segundo jogador, o que facilita (e muito) pra quem joga com crianças ou novatos. E com o novo sistema GameShare do Switch 2, dá até pra jogar com outra pessoa em outro console com voz integrada. É o tipo de detalhe moderno que deixa tudo ainda mais acessível.
Fora isso, o jogo roda liso em 60fps, tem um áudio 3D excelente e apresenta cenários lindos com efeitos de luz, voxel em massa e física maluca que só quebra às vezes — quando a câmera se perde durante escavações muito profundas. Nada grave.
Donkey Kong Bananza é mais do que o retorno de um ícone. É uma celebração da criatividade, da destruição divertida e da exploração sem pressa. Ele não tenta ser um novo Mario Odyssey — ele cria sua própria trilha subterrânea, com músicas incríveis (Pauline, te amo), personagens cativantes e momentos de pura alegria. Se você gosta de jogos que te fazem rir, testar coisas idiotas só pra ver se funcionam, e ainda falam a sua língua, então pode se preparar: o rei das bananas voltou com tudo — e agora, ele fala português.