Tidsoptimista: pessoas sempre atrasadas podem sofrer de distúrbio que dificulta gestão do tempo
Estar sempre atrasado pode estar ligado ao padrão comportamental em questão; diagnóstico depende de avaliação neuropsicológica
Pessoas sempre atrasadas podem sofrer de tidsoptismo, distúrbio ligado à má gestão do tempo, associado a fatores neurocognitivos ou comportamentais, com tratamento baseado em psicoeducação e terapia cognitivo-comportamental.
Estar sempre atrasado para compromissos ou para a realização de tarefas pode não ser meramente descuido de alguém muito distraído. Talvez seja o caso de alguém que sofra de um distúrbio conhecido como tidsoptimismo.
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“Clinicamente, não existe nenhum outro nome”, conta a psicoterapeuta Denise Figueiredo. “Mas existem, por exemplo, formas mais informais de falar sobre a doença, como 'otimista do tempo' ou 'atrasado crônico'.”
Segundo a profissional, o tidsoptimismo é conhecido como um distúrbio que trata de um padrão comportamental persistente, caracterizado pela pessoa subestimar sistematicamente o tempo necessário para realizar as tarefas.
“Ela acaba se perdendo em questões relacionadas a deslocamentos, compromissos, iniciar e finalizar atividades até simples da rotina diária --e isso acaba dificultando muito a vida de quem tem esse padrão”, detalha Denise.
A profissional explica que, como consequência, o tidsoptimista tem grandes chances de desenvolver ansiedade, por estar sempre sob urgência, ao sobrecarregar a gestão das próprias emoções: “É uma pessoa que vive sempre devendo para ela mesma, para as pessoas da família, para os amigos. Tem um alto grau de ansiedade e de dificuldade em lidar com coisas simples.”
Origem do tidsoptimismo
Uma possível origem para o distúrbio está associada à aprendizagem, como a repetição de um modelo absorvido em casa. No entanto, Denise ressalta que ele também pode partir de alguma questão neurocognitiva, além de alinhados ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
“A dificuldade mesmo em perceber o tempo e a fragilidade na questão da antecipação da organização do planejamento. A gente pode sugerir aí algum teste neuropsicológico para entender melhor como estão as funções executivas”, lembra a psicoterapeuta.
Outra associação relevante ao transtorno diz respeito à “evitação”. “Tem pessoas que têm um comportamento mais 'evitativo' para iniciar tarefas, tendem a evitar desconforto, dificuldade em tolerar os limites, frustrações”, enumera Denise.
Características que, segundo ela, reforçariam uma ideia de perfeccionismo: “Quero tudo muito perfeito, então, nem começo.”
Tidsoptimismo: tratamento
A psicoterapeuta reforça ser muito importante fazer uma avaliação neuropsicológica para entender quais as melhores estratégias para lidar com o tidsoptimismo. No entanto, ela adianta que a base do tratamento tem como ponto de partida a psicoeducação: “Para a pessoa desenvolver uma consciência do padrão dela: compreender a diferença entre o tempo percebido e o tempo real, para poder sair do ciclo de otimismo, atraso, urgência, culpa, dever.”
Além disso, para um tidsoptimista, é importante manter um planejamento, “com horário de início, horário de término, descrição minuciosa do que vai fazer nesse tempo”, afirma Denise, que sugere a terapia cognitivo-comportamental para desenvolver esse grau de organização.
