Narrativas falsas fazem vítimas das ditaduras reviverem trauma sofrido na repressão
NAS REDES, APOIADORES DE REGIMES AUTORITÁRIOS ACUSAM OPOSITORES DE CRIMES QUE NUNCA COMETERAM
Combater as ditaduras de Argentina, Brasil e Chile significou a morte para muita gente. Outros foram presos, torturados, exilados, perderam empregos e contato com a família. Apesar disso, as redes sociais inverteram o jogo: milhares de postagens de apoiadores dos regimes transformam vítimas em vilões das ditaduras. São chamados de assassinos, terroristas, assaltantes de banco, sequestradores e, por que não, mentirosos.
Não raro, essas vítimas são obrigadas a reviver o trauma a cada vez que alguém exalta um torturador, ou nega uma tortura, ou lhe imputa crimes que nunca cometeu. Um sentimento parecido com o que descreve a jornalista brasileira Miriam Leitão, que ficou presa por três meses e foi vítima de tortura durante a ditadura no Brasil: "Você encontrar na velhice, de novo, saudável, o inimigo que te infelicitou na juventude não é fácil. Não é fácil".