Passados 10 dias da ação policial que deixou 10 mortos na comunidade da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), lamentou nesta quinta-feira as mortes. Ontem, um ato ecumêncio reuniu milhares de pessoas no local.
"Primeiro, tenho que lamentar a morte de inocentes, a morte do policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e até mesmo de marginais, porque o correto é, sempre que possível, a prisão. Mas quando revidam atirando, a polícia não pode deixar de reagir", declarou, enfatizando que a situação não é frequente.
O governador aproveitou para lembrar que uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) está prevista para ser instalada na comunidade, com objetivo de evitar confrontos entre policiais e criminosos. "É uma situação ainda do Rio de Janeiro que estamos avançando para pacificar", disse. Segundo ele, três facções criminosas estão instaladas na Maré.
No dia 24 de junho, policiais e traficantes trocaram tiros na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré. Um sargento do Batalhão de Operações Especiais morreu. A operação resultou na morte de mais nove pessoas.
Perguntado se houve abusos por parte da polícia tanto na operação na Maré quanto em relação às manifestações populares que ocorreram em vários pontos da cidade nas últimas semanas, Cabral disse que os excessos serão investigados. Porém, destacou que, os policiais, neste tipo de situação (dos protestos), ficam em estado de tensão.
"Claro que você também tem que ter sempre a compreensão do policial, trabalhando em um estado de alta tensão, vendo ao mesmo tempo uma maioria pacífica e uma minoria encapuzada, às vezes, com pedras portuguesas nas mãos, coqueteis molotov, operando para o quanto pior, melhor", disse.
Sérgio Cabral também se disse incomodado com manifestações na porta de sua casa, onde um grupo ficou acampado por quase duas semanas. Para ele, prostesto contra o governador deve ser feito em frente à sede do governo.
Cerca de 2 mil moradores do Complexo de Favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, realizam uma manifestação nesta terça-feira para reclamar da operação policial que resultou em 10 mortos no local há exatamente uma semana
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Eles exigem que o governador do Estado, Sergio Cabral, faça um pedido de desculpas formal pelo desfecho desastroso da ação e que a Polícia Militar evite novas operações violentas
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Um carro de som toma uma faixa da avenida Brasil na altura da rua Teixeira Ribeiro, na entrada da favela Nova Holanda, umas das 13 comunidades do complexo
Foto: Mauro Pimentel / Terra
A via, a principal de entrada e saída para o Rio de Janeiro, apresentava complicações no trânsito. Motoristas de carros e caminhões que passavam pelo local buzinavam para os manifestantes em sinal de apoio
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O grupo canta músicas contra o governo. "Cabral, queria que você esquecesse a UPP e investisse em educação" e "uh, sai do chão quem é contra o caveirão"
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Os moradores carregam cartazes com os nomes de todas as vítimas
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Um dos feridos pela operação participa da manifestação, o motorista Cláudio Duarte Rodrigues, 41 anos, voltava para casa quando ficou encurralado entre o caveirão do Bope e uma barricada armada por criminosos. Tomou um tiro no quadril e perdeu a van em que trabalha, que acabou sendo roubada
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Artistas da favela subiram no carro de som para fazer apresentações, como o ator André Ramiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Crianças também participam da manifestação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Moradores enchem uma das passarelas da Avenida Brasil durante o protesto
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Homem observa o protesto do alto de uma passarela. O ato ocupou uma das pistas laterais da Avenida Brasil
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Mulher observa o protesto da janela de sua casa
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Manifestante durante ato na Maré
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Os cartazes diferem dos presentes nos protestos na zona sul e no centro da cidade. Tratam de problemas locais como a opressão policial
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Cartazes com os nomes dos mortos estavam presentes durante todo o protesto
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Cartazes com os nomes dos mortos estavam presentes durante todo o protesto
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Cartazes com os nomes dos mortos estavam presentes durante todo o protesto
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Helicópteto da Polícia Militar acompanha de perto a manifestação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Manifestante segura durante o momento ecumênico do protesto
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Mototáxi da região participa da manifestação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Velas acesas em homenagem aos 10 mortos da última ação policial no Complexo da Maré
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Cartaz contra a entrada do Caveirão - veículo blindado da polícia - na favela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Cartazes vistos na passarela acima da manifestação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
Mulheres rezam pelos mortos durante a manifestação
Foto: Mauro Pimentel / Terra
O ator Paulo Betti esteve presente para apoiar a manifestação