Brasil corre risco de perder o “bonde da eletrificação” por regras antigas
Estudo aponta que regras antigas, recarga limitada e tarifas inadequadas travam o avanço do carro elétrico no país
A mobilidade elétrica cresce em ritmo acelerado no mundo, mas o Brasil corre o risco de ficar para trás por um motivo menos visível que preço ou autonomia: a regulação. Estudo da Thymos Energia mostra que, apesar da alta de 85% nas vendas de veículos eletrificados em 2024, o país ainda opera com regras pensadas para o carro a combustão.
Segundo a análise, a falta de metas nacionais claras, a expansão lenta e concentrada da infraestrutura de recarga e tarifas elétricas pouco compatíveis com o uso do carro elétrico elevam o custo total para o consumidor e dificultam ganhos de escala. Tecnologias como carregamento inteligente e veículos capazes de devolver energia à rede (V2G) seguem praticamente fora do marco regulatório.
O estudo aponta que o problema não está na falta de potencial – o Brasil tem matriz elétrica renovável, base industrial e mercado relevante – mas na ausência de regras modernas e integradas. Sem atualizar esse arcabouço, o país arrisca perder competitividade em um setor que já redefine a indústria automotiva global.
“Hoje, o Brasil tem condição industrial, matriz elétrica renovável e mercado consumidor relevante. O que falta é transformar todo esse arcabouço em regulação. Sem regras modernas, previsíveis e integradas, não há escala. Sem escala, não há queda de custos nem capilaridade da recarga”, afirma Victor Ribeiro, consultor Estratégico da Thymos Energia.