Ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, enfrentam sanções dos EUA com perda de vistos após operação contra Bolsonaro, com reações irônicas e defesa alegando perseguição política.
A possibilidade de perda do visto americano, anunciada como sanção do governo de Donald Trump após o Supremo Tribunal Federal autorizar uma operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira, 18, foi recebida com ironia por um dos magistrados da Suprema Corte brasileira.
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Ao jornal Valor Econômico, um dos ministros, que não foi identificado, respondeu aos questionamentos sobre a possível perda do visto com a frase: "Sempre teremos Paris", imortalizada no filme Casablanca, de 1942.
A medida foi anunciada na noite desta sexta-feira pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, que justificou a decisão ao falar de “caça às bruxas política” por parte do ministro Alexandre de Moraes.
Moraes foi o único citado nominalmente por Rubio: "Ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”.
No entanto, outros ministros também foram atingidos pela sanção. São eles: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Apenas André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux não foram afetados pela possibilidade de perda do visto.
Pouco após ser alvo da operação, Bolsonaro começou a usar tornozeleira eletrônica e ficou proibido de falar com o filho Eduardo Bolsonaro e de usar redes sociais. O ex-presidente alega que é vítima de perseguição política por parte do ministro da Suprema Corte.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes considera que Bolsonaro e Eduardo estariam "atuando em conjunto" "nos atentados à soberania nacional". O documento fala diretamente da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, a qual foi celebrada por Eduardo nas redes.
O que diz a defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente afirmou em comunicado que as medidas cautelares impostas ao político foram em "função de atos praticados por terceiros" e que as "frases destacadas como atentatórias à soberania nacional jamais foram ditas por Bolsonaro".
Os advogados de Bolsonaro alegaram que foram "surpreendidos" pelos mandados de busca e apreensão realizados pela Polícia Federal (PF) nesta manhã na residência do ex-presidente, em Brasília, e na sede do Partido Liberal.
"As graves medidas cautelares foram impostas em função de atos praticados por terceiros, circunstância inédita no direito brasileiro. As frases destacadas como atentatórias à soberania nacional jamais foram ditas por Bolsonaro", disse a defesa em nota enviada ao Terra.