O Copom reforçou que a manutenção da Selic em 15% por um período prolongado é essencial para a convergência da inflação à meta, destacando ainda a necessidade de cautela diante do cenário de elevada incerteza.
BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) enfatizou, nesta terça-feira, que considera a taxa Selic atual, de 15%, como suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, desde que os juros sejam mantidos nesse nível por um período "bastante prolongado".
"A estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", afirmou o colegiado na ata da reunião de novembro, reiterando a mensagem que trouxe no comunicado, publicado na última quarta-feira, 5.
A avaliação marca uma mudança na comparação com a comunicação de reuniões anteriores. Até o encontro de setembro, o colegiado dizia que estava avaliando se essa manutenção seria suficiente para garantir a convergência.
O comitê, no entanto, conservou a ponderação de que segue vigilante e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. "(O Copom) não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado."
No trecho da ata referente à decisão de política monetária, o colegiado repetiu que o cenário atual segue marcado por elevada incerteza, o que exige cautela na condução da política monetária.
Disse que a manutenção da Selic em 15% é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. "Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", afirmou.
O colegiado repetiu as projeções de inflação acumulada em 12 meses, já apresentadas no comunicado, para 2025 (4,6%), 2026 (3,6%) e o segundo trimestre de 2027 (3,3%) - este último, o horizonte relevante da política monetária. Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3,0%. A trajetória leva em conta uma desaceleração dos preços livres, de 4,5% este ano para 3,2% no horizonte relevante. Os preços administrados devem passar de 5,0% para 3,5% nesse mesmo período.
Todas as projeções partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus (publicado em 3 de novembro) e bandeira amarela de energia elétrica em dezembro de 2025 e 2026. A taxa de câmbio começa em R$ 5,40 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.