Refrigerante contaminado? Etanol? Veja o que é mito e o que é verdade sobre o metanol
Fake news sobre a contaminação pelo metanol têm chamado a atenção dos consumidores
Casos de intoxicação por metanol estão ligados a bebidas alcoólicas adulteradas, enquanto boatos sobre contaminação de refrigerantes, café e água são falsos; especialistas alertam para cuidados ao consumir produtos de origem duvidosa.
O aumento de casos de intoxicação por metanol, substância altamente tóxica encontrada em bebidas alcoólicas adulteradas, acendeu um alerta vermelho no País. Ao mesmo tempo, surgiram informações falsas sobre o tema nas redes sociais, que vão desde a suposta contaminação de refrigerantes até vídeos criados com inteligência artificial para divulgar fake news.
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Na última semana, a pesquisa por notícias sobre refrigerantes, café e até água que teriam sido ‘batizados’ com metanol tem crescido, de acordo com a ferramenta Google Trends. Entre os termos mais buscados nos últimos sete dias, com relação à palavra “metanol”, estão: “metanol na Coca-Cola”, “metanol no café” e “água com metanol” --tudo isso se trata de fake news. A seguir, entenda o que é mito e o que é verdade sobre o metanol.
Etanol é usado para tratar intoxicação por metanol?
Sim, mas não é bebendo outras bebidas alcoólicas que o tratamento é feito. O etanol é aplicado no paciente intoxicado por metanol apenas em ambiente hospitalar, de forma controlada por médicos, para eliminar o químico do corpo. O Terra explicou como funciona esse tratamento em entrevista com o médico clínico e cirurgião geral Marcelo Bechara, especialista em medicina preventiva e hormonologia.
Beber outras bebidas alcoólicas ajuda a eliminar o metanol?
Mito. Consumir mais bebidas alcoólicas não ajuda. Apenas o tratamento médico em hospital é capaz de neutralizar o efeito do metanol. O uso de etanol como antídoto exige aplicação da dosagem exata e monitoramento constante, o que só pode ser feito por profissionais de saúde.
Quais bebidas podem estar contaminadas com metanol?
Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin produzidas de forma clandestina. Além dessas, whisky, cachaça, entre outros, também estão propensos a apresentar a contaminação. Cerveja e vinho, que são fermentados, também podem ter contaminação por metanol. No entanto, quando são fabricados por empresas regularizadas, com processos seguros, os riscos são menores.
Existe metanol na Coca-Cola?
Mito. Circula nas redes um vídeo falso, criado com inteligência artificial, mostrando a jornalista Renata Vasconcellos falando sobre uma suposta contaminação da Coca-Cola por metanol. A informação é inteiramente falsa.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), informou ao Estadão Verifica que não há qualquer registro ou indício de contaminação em refrigerantes. O Ministério da Saúde reforça que todos os casos confirmados até agora estão ligados exclusivamente a bebidas alcoólicas adulteradas. A Coca-Cola classificou os vídeos como falsos. “Não existe qualquer relação entre nossos produtos e os casos mencionados, nem há nenhuma investigação em andamento sobre a companhia”, informou.
Outros boatos envolvendo água e café também são falsos e não têm evidências.
Dá para sentir o cheiro ou sabor do metanol nas bebidas?
Mito. O metanol é incolor, inodoro e sem gosto perceptível. Por se misturar facilmente ao etanol e à água, não é possível identificar sua presença em casa. Somente análises laboratoriais detectam a substância.
Só existe metanol em bebidas adulteradas?
O metanol é usado em combustíveis, solventes e produtos de limpeza, mas nessas aplicações industriais não há risco ao consumidor. Em bebidas alcoólicas legítimas, o metanol pode aparecer em traços mínimos, resultado natural do processo de fermentação. Porém, ele é filtrado e eliminado antes que o produto chegue ao mercado.
Quantos são os casos de intoxicação por metanol?
No domingo, 5, o Ministério da Saúde divulgou que há 225 registros de intoxicação por metanol após a ingestão de bebida alcoólica no Brasil, levando em consideração casos investigados e confirmados. Em todo o País, são 16 casos confirmados, sendo que São Paulo concentra a maioria das notificações.
Cuidados
Especialistas alertam que os sintomas de intoxicação por metanol aparecem entre 12 e 24 horas após o consumo e incluem visão borrada, confusão mental, náuseas, dor abdominal intensa e, em casos graves, cegueira. Para se proteger, siga essas dicas:
- Evite bebidas de origem duvidosa ou vendidas em locais sem fiscalização.
- Prefira produtos lacrados, com selo da Anvisa e nota fiscal.
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado.
O Ministério da Saúde reforça que casos suspeitos devem ser notificados imediatamente para ampliar a vigilância e evitar novas ocorrências. (*Com informações do Estadão Contéudo)