Era Industrial 4.0: a tecnologia mudou e você nem percebeu
Voltada à tecnologia, a indústria 4.0, já tem transformado muitos conhecimentos da tecnologia como parte do cotidiano.
Segundo o site Citisystems, o termo indústria 4.0 se originou a partir de um projeto de estratégias do governo alemão voltado à tecnologia, sendo usado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011. Seu fundamento básico implica que conectando máquinas, sistemas e ativos, as empresas poderão criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor que podem controlar os módulos da produção de forma autônoma.
Ou seja, as fábricas inteligentes terão a capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e mudanças não planejadas na produção. Assim, com a explicação do site, pode-se considerar que os pilares da industria 4.0 são Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), Big Data Analytics e Segurança.
Pensando nessa teoria, Leila Duarte, especialista Lean Six Sigma Yellow Belt, faz alguns apontamentos sobre a nova tendência.
GANHAR DINHEIRO x FAZER DINHEIRO
“Eletrodomésticos que se conectam via wi-fi, que apontam a vida útil do produto, ou informam quando deve ser feito a manutenção; carros que dirigem sozinhos; biotecnologia (chips), impressora 3D com construção de tijolos, peças de carro, vestuário. Aplicativos com tradução simultânea de línguas, transferência de dinheiro apenas passando o celular frente ao outro, Bitcoins, Blockchain. Drone com reconhecimento facial”, exemplifica Leila Duarte.
“O que falar da IA? (Inteligência Artificial) já convivemos com ela e não percebemos. Chat Bots, você já deve ter ouvido falar do Watson, Siri, Bia e Alexa não é? O desafio aqui é a questão do acolhimento, que só seres humanos conseguem fazer. Mas, isso já está em estudo”, complementa.
As questões que a administradora levanta e deixa para reflexão pessoal são: Onde tudo isso vai repercutir? Teremos reflexos na indústria alimentícia? E os profissionais liberais? Sentirão a perda de quota de mercado? Como ficará o impacto nos laboratórios? Na indústria veterinária, Pet Shops? Escolas de Línguas, Call Centers, Construção Civil, Empresas automotivas, Moda? Casas de Câmbio devem sumir? E o Banco tradicional, repensar esse modelo? Será o fim dos cartórios?
COMPETÊNCIAS MAIS REQUISITADAS PARA O FUTURO
Explicando, a partir do site Nexialistas, o termo M.U.V.U.C.A. como M (Meaningful): tudo o que fazemos precisa ter sentido, propósito, significado; Universal (Universal): sempre precisamos analisar o impacto de nossas decisões. O que se faz aqui pode repercutir muito além; Volátil (Volatile): tudo muda rapidamente, precisamos reagir rápido; U (uncertainty): a única certeza que temos é que não temos certeza de nada; Complexo (Complex): As soluções dos problemas são mais complexas, as realidades são difíceis de interpretar; Ambíguo (Ambiguous): O que é bom hoje pode não ser amanhã.
Segundo Gustavo Leme, citado pela auditora 5S Lean: “Precisamos aprender a aprender e aprender a desaprender. Precisamos cada vez mais estar antenados nas novidades em nossa área de atuação. Na área de projetos e melhoria então? Não tem como não estar ligado no que ocorre no mundo, principalmente na área de tecnologia”, declara.
Assim, seguindo o pensamento de Leila, pode-se pensar nessas competências para agregar valor nessa “MUVUCA” que o mundo vive, em meio a: negociações Complexas, Gestão de Tarefas, Pensamento Crítico, Design Doing, Market Insight. Como serão os profissionais do futuro? Generalista? Especialista? Ou Nexialista?
ASSUNTOS MAL RESOLVIDOS ATRAPALHAM PROJETOS
Vários fatores atrapalham, conforme a especialista em Gerenciamento de Projetos (MBA), o andamento de um projeto, falha no escopo, comunicação interna, liderança, Treinamento e Desenvolvimento. Na Liderança, Leila levanta algumas questões a serem refletidas.
“Como é escolhido o líder? Qual critério é usado? É avaliado corretamente? Ou por ser líder não é avaliado? Se promovemos mal? Não nos ‘livramos’ facilmente deles”, alerta ela.
Já no assunto de comunicação interna: “Aqui vão começar diversas desculpas. A comunicação não flui corretamente, equipe não sabe esperar orientações, não tem tempo de ler e-mail, mural, memorando, papel de pão, não sabem a estratégia da empresa”.
Pensando no quesito Treinamento e Desenvolvimento, Duarte afirma: “o bicho papão chamado budget, pouca mensuração de resultados, aula tradicional onde todos são tratados na mesma régua sem levar em consideração particularidades de aprendizado. Como dizia Albert Einstein: ‘Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ele vai gastar toda a sua vida acreditando que ele é estúpido’”.
Por último, mas não menos importante, a reflexão sobre competências: “Como traduzir comportamentos observáveis? O mundo gira, mas as competências são as mesmas”.
O FUTURO NÃO É TREINAMENTO
O que vem à mente quando falamos em T&D? O habitual treinamento presencial? Maçantes e-learnings? Onde o personagem mexe apenas uma mão do começo ao fim do curso?
“A indústria 4.0 está aí, tecnologia anda a passos largos. As gerações X, Y, Z, millenium e sabe qual mais termos virá pela frente, já nascem com tablet na mão postando nas redes sociais. Eles não passaram pela transição do analógico para o digital como muitos de nós ― eu me incluo nisso. Então porque usar o mesmo modelo do século passado e querer resultados diferentes e melhores?”, defende Leila. “Saímos de aprendizagem de massa (Gestão da Eficiência) para garantia de um processo de aprendizagem que é individual, mobile, inteligente.”
O APRENDIZADO 4.0
No mundo onde não se pode perder tempo, tudo é muito dinâmico. “Não podemos ocupar espaço em nosso ‘HD’ com conhecimento desnecessário que não será utilizado agora, já nesse exato momento. Com isso, como privilegiar a individualização da aprendizagem? Podemos pensar da seguinte maneira: Trilha de desenvolvimento, Ecossistemas de conteúdo, projetos de curadoria, Projetos de Mentoria Estruturados”, sugere ela.
MOBILE E INTELIGENTE
A aprendizagem mobile já é realidade no cotidiano: A pessoa só precisa escolher quando e onde aprender.
“Precisamos ganhar tempo, então modelos preditivos que identifiquem preferências e façam sugestões com base no perfil do aprendiz são fundamentais. Nada de ficar preenchendo fichas enormes somente para protocolo ou atingir a meta de ‘X cursos feitos no mês’, que no final não trazem resultados tão significativos. Tempo exclusivo para aprendizagem é luxo. Por isso a aprendizagem inteligente garante que trabalho e aprendizagem andem de mãos dadas no mesmo processo. Exemplos: Chatbots, Machine Learnings, Big Data e Modelos Preditivos, Adaptative Learning”, explica a administradora.
POR ONDE COMEÇAR?
Preste atenção não no que te respondem e sim no que buscam. “A área de TI, por questões de segurança, tem mapeado cada acesso de internet de cada máquina dentro da empresa. Podemos usar isso a favor quando for mapear quadro de cursos. Exemplo: um funcionário diz que tem a competência de negociação. Mas, pelo mapeamento existe vários acessos a curso no YouTube de como ser um bom negociador”, conta, mostrando que a resposta está na busca que a pessoa faz e não que ela te responde.
“Outro exemplo é quando buscamos um perfume no Google, depois ‘aparece’ anúncios na nossa timeline do Facebook justamente sobre o perfume que procuramos. Ou seja, isso já é usado. Cabe a empresa repensar sobre esse assunto”.
Falando em soluções inteligentes, para finalizar, Leila cita: “Tudo é uma questão de mindset invertido. Porque não adianta nada fazer um mega fluxo, mudar processos, se não conseguirmos atender o nosso principal cliente que são os funcionários”.