Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Com apoio menor após eleição, premiê britânica terá de 'suavizar' Brexit?

Theresa May deverá sofrer pressão de outros grupos partidários para 'amenizar' processo de saída da União Europeia.

13 jun 2017 - 20h23
(atualizado às 20h30)
Compartilhar
Exibir comentários
Londres
Londres
Foto: BBC News Brasil

Britânicos contrários ao Brexit têm visto no resultado das eleições da semana passada no Reino Unido - que reduziu o apoio parlamentar à premiê Theresa May - uma possível oportunidade de última hora para alterar o processo de saída do país da União Europeia.

May, que havia convocado as eleições antecipadas justamente na tentativa de aumentar sua base parlamentar para fortalecer-se ao negociar os termos do Brexit, viu sua posição se debilitar, já que seu partido, o Conservador, perdeu a maioria absoluta no Parlamento britânico.

O resultado agora é que diversos grupos de lobistas, incluindo ex-ministros ainda próximos do governo, têm iniciado conversas sobre um planejamento tático para conseguirem influenciar a discussão.

E até mesmo tradicionais líderes conservadores já admitem que o partido terá de ceder nas negociações.

Uma das principais questões em jogo é a relação do Reino Unido com a União Europeia no pós-Brexit. De um lado, o que se chama de "Brexit duro" - que vinha sendo defendido por May - significaria abandonar por completo o mercado comum e a liberdade de circulação de pessoas com passaporte europeu em território britânico. De outro, um Brexit mais "suave" poderia manter laços próximos com a UE, possivelmente estabelecendo-se algum tipo de associação com o mercado comum em troca de algum tipo de liberdade de circulação para cidadãos não britânicos.

Até mesmo os ministros que apoiam o Brexit concordam que um governo com apoio parlamentar minoritário precisa se comportar de maneira diferente. Sendo assim, já é possível esperar uma mudança no tom, uma abordagem mais em busca de um consenso - o que significaria que o governo estaria mais propenso a concordar com as mudanças sugeridas pela oposição sobre a saída da União Europeia sem maiores conflitos.

Um ministro disse à BBC, pedindo anonimato, que o governo terá uma abordagem menos ideológica. Alguns membros do gabinete irão pressionar por uma posição menos rígida, apelando a Theresa May para que suavize um pouco as linhas "vermelhas" das negociações do Brexit.

Questões fundamentais

Mas será que o revés eleitoral de May a forçará a negociar também o eixo fundamental do Brexit - de sair do bloco europeu -, que foi decidido em plebiscito no ano passado?

Nesta terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse em encontro com May que a possibilidade de o Reino Unido permanecer na UE é uma opção a ser considerada até que as negociações do Brexit (que começarão formalmente em 19 de junho) forem concluídas.

Mas o governo britânico insiste que não vai voltar atrás no Brexit. Segundo ministros ouvidos pela BBC, é possível que o governo agora se esforce para negociar o máximo possível de acesso do Reino Unido ao mercado comum europeu no pós-Brexit.

E, levando-se em conta a "mensagem" passada pelos eleitores britânicos nas urnas na semana passada, mais de 80% do público votou para os dois principais partidos - e ambos, Conservador e Trabalhista, prometeram abandonar a livre circulação de pessoas e o livre comércio da União Europeia.

No momento, May negocia com o partido norte-irlandês DUP (Partido Unionista Democrático, que obteve 10 assentos parlamentares na eleição) em busca de apoio para composição de seu governo e de mais capital político.

Mesmo assim, a aritmética parlamentar ainda é preocupante para May, o que significa que ela precisa ouvir mais outros partidos - e também que está mais vulnerável à pressão deles.

Macron e Theresa May, nesta terça-feira
Macron e Theresa May, nesta terça-feira
Foto: BBC News Brasil

Um argumento fácil de ser defendido é o de que a comissão que debate o Brexit precisa ter representantes de todos os partidos. Isso poderia ser uma ferramenta política para Theresa May fazer parecer que está ouvindo todos os lados. A ideia não está sendo rejeitada, mas tampouco encorajada no governo. E quem está lá dentro sabe como projetos assim podem se mostrar inúteis.

Já existe, por exemplo, a comissão para discutir a situação do Brexit entre as quatro nações que fazem parte do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte e Escócia). Algumas pessoas próximas desse processo garantem que ele não avançou muito até agora. E anos de discussão em uma comissão para debater o NHS (sistema britânico de saúde pública, equivalente ao SUS) também não foram efetivos.

Theresa May não é uma pessoa que confia facilmente nos outros. Na verdade, não seria muito do estilo dela dialogar com cada partido de maneira formal - e, mais do que isso, não está claro se as lideranças trabalhistas, de oposição, iriam querer esse tipo de aproximação com ela.

Mas a realidade dos números do Parlamento mostra que ela é forçada a levar em consideração todas as opiniões, ou seu governo irá cair. Não há dúvidas de que haverá discussões sobre como será feito o Brexit e sobre se um novo processo deveria começar ou não. Parece provável que agora governo e oposição passem a se conhecer muito melhor.

Mas trabalhar junto com outros partidos significará para May "cortar suas próprias asas" - e é importante lembrar que ela não é só vulnerável para a oposição, mas também para seu próprio lado.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade