'A gente escreveu o nosso nome na história', diz brasileira campeã mundial de futsal
Com a conquista do título da Copa do Mundo feminina de futsal, o Brasil é a única seleção do planeta a ter o direito a bordar na camisa uma estrela - simbologia que representa a conquista de título mundial. A competição, disputada em Manila, nas Filipinas, foi organizada pela Fifa pela primeira vez na história.
Marcio Arruda, da RFI em Paris
O título veio depois da vitória por três a zero na final contra Portugal, no dia 7 de dezembro. Emily, atual melhor jogadora do mundo, Amandinha, eleita oito vezes a melhor, e Débora Vanin fizeram os gols da partida.
Emily foi a artilheira da competição, com sete gols. A espanhola Irene Córdoba também balançou as redes sete vezes, mas a brasileira ficou com a chuteira de ouro por ter dado mais assistências durante o torneio.
A ala brasileira também foi eleita a melhor jogadora da Copa do Mundo feminina. Após o título, Emily lembrou sua trajetória até ser campeã mundial.
"Aquela criança que saiu de casa com 14 anos, estudou, treinou, trabalhou dentro e fora do futsal, nunca deixou de sonhar. Nunca deixe de sonhar, porque o sonho vira realidade", disse. "Eu quero deixar essa ideia para a galera que vem por aí. As mães devem acreditar em seus filhos. Coloquem na escolinha, acreditem nos sonhos de seus filhos, porque isso aqui é real. A gente vai botar uma estrelinha aqui [na camisa]. Nós somos campeãs da Copa do Mundo", comemorou Emily, que atua na liga espanhola de futsal.
A goleira Bianca ficou visivelmente emocionada depois do título.
"Por mais que a gente tenha sonhado com isso, descrever esse momento não é fácil. Não tem como, é muita emoção. Chorei muito, mas agora estou muito feliz, e descrever isso para mim é difícil, porque como vou descrever uma coisa que eu tenho um mix de sensações, né? Mas eu estou muito feliz", afirmou Bianca, que ainda disse:
"Ganhamos de seleções muito importantes e eu acho que a gente escreveu o nosso nome na história por gerações. O Brasil merece essa primeira estrela, principalmente da maneira como foi conquistada."
Seleção campeã com 100% de aproveitamento
O Brasil fez uma campanha invicta na Copa do Mundo, com 100% de aproveitamento, tendo conquistado seis vitórias em seis jogos. No torneio, a seleção brasileira mostrou um ataque poderoso: marcou 32 gols e foi o segundo melhor do torneio, atrás apenas de Portugal, que fez 37.
O Brasil também apresentou uma defesa sólida, que só levou quatro gols, e ao lado da Polônia foi a menos vazada da competição. O diferencial entre estas duas seleções é que a polonesa foi eliminada na primeira fase, depois de ter jogado apenas três partidas. Já o Brasil foi campeão após disputar seis jogos.
O técnico da seleção brasileira, Wilson Sabóia, elogiou o grupo. "Eu nunca trabalhei com um elenco tão compromissado, capaz, inteligente e sábio. É lógico que o relacionamento é difícil, porque foram 52 dias juntos de preparação e competição. Tem momentos de desequilíbrio da comissão e das atletas, mas isso é normal", apontou. "O importante é a gente entender que o objetivo foi alcançado e agora somos campeões mundiais. O Brasil é o primeiro campeão mundial e isso vai ficar na história, na minha história e, principalmente, na história destas atletas maravilhosas", disse o treinador, que está há dez anos no comando técnico da seleção.
Depois da vitória na final contra as portuguesas, a fixo Taty foi a primeira a erguer o troféu da Copa do Mundo ainda em quadra. A capitã da seleção brasileira disse que a conquista vai estimular mais meninas a começarem a jogar futsal.
"A gente sempre sonhou em jogar uma competição oficial da Fifa. O Brasil, conquistando esse título, dá esperança e faz com que as próximas gerações possam sonhar, porque agora elas conseguem ver esse sonho se materializar", comentou.
"Isso é muito importante, para que elas continuem nesse caminho e que o esporte dê uma vida digna para elas. Desejo que elas se tornem boas cidadãs, afinal o esporte também tem esse papel fundamental. Eu acho que a gente vem abrindo espaço para que as próximas gerações cheguem com um pouquinho mais de facilidade e consigam alcançar os seus sonhos também", opinou Taty, que atua no futsal italiano.
Masculino e feminino
A capitã da seleção ressalta, mesmo com esse título, ainda há um caminho a ser percorrido rumo à igualdade entre as modalidades feminina e masculina de futsal.
"Acho que a gente vem buscando o nosso espaço. Penso que não temos que comparar o feminino com o masculino, pois a gente tem uma visibilidade ainda diferente. Nós temos patrocinadores com investimentos diferentes, mas a gente está buscando o nosso próprio espaço", observou. "Acho que isso é importante: a gente está caminhando na direção correta e esperamos que o feminino seja cada vez mais valorizado, com melhores salários e melhores condições", afirmou a capitã Taty.
"Penso que é difícil fazer essa comparação entre gêneros porque eles já estão há alguns anos à nossa frente, até mesmo em competições. Mas eu acho que a gente está no caminho certo. Acho que a gente está começando a mostrar que o produto futsal feminino é um belo espetáculo."
Com o título das rainhas do salão na Copa do Mundo feminina de futsal, o Brasil coloca mais um troféu em sua extensa galeria. No feminino ou no masculino, o país dominou e foi campeão em cada uma das últimas Copas do Mundo de futsal. A conquista do título dos homens no torneio mundial foi no Uzbequistão, no ano passado. Agora, chegou a vez das mulheres serem campeãs nas Filipinas.
O presente animador inspira o futuro, já que o Brasil, sob o comando do técnico Carlo Ancelotti, vai disputar a Copa do Mundo masculina de futebol de campo no ano que vem nos Estados Unidos, México e Canadá, e com o treinador Arthur Elias vai jogar o torneio feminino da modalidade em 2027, no Brasil.
A campanha da seleção brasileira na Copa do Mundo feminina de futsal foi assim:
Grupo D
Brasil 4x1 Irã
Brasil 6x1 Itália
Panamá 0x9 Brasil
Quartas de final
Brasil 6x1 Japão
Semifinais
Espanha 1x4 Brasil
Final
Portugal 0x3 Brasil