Bolívia vai às urnas neste domingo para eleger novo presidente
Direita voltará ao poder do país em crise após 20 anos
Cerca de 7,5 milhões de eleitores são chamados às urnas neste domingo (19), na Bolívia, para escolher o novo presidente em um inédito segundo turno, no qual a direita voltará ao poder após 20 anos.
A disputa ocorre entre Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), e o ex-mandatário Jorge "Tuto" Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia (Libre).
Ambos os candidatos representam forças de oposição ao Movimento ao Socialismo (MAS), legenda que governou o país nas últimas décadas e que foi barrada do segundo turno após um resultado apertado no primeiro turno de agosto. Na ocasião, Paz obteve 32,06% dos votos e Quiroga, 26,70%.
O cenário eleitoral permanece indefinido, embora analistas apontem uma leve vantagem para Quiroga, que tem conquistado o apoio de setores conservadores e empresariais.
A votação ocorre em meio a uma das piores crises econômicas que o país enfrentou nos últimos anos, marcada por inflação anual superior a 23%, escassez de dólares, falta de combustíveis e desabastecimento de produtos básicos.
Ambos os candidatos têm histórico político conhecido pelos bolivianos. Quiroga foi vice-presidente de Hugo Banzer, ex-ditador que retornou ao poder democraticamente em 1997, e assumiu a presidência entre 2001 e 2002.
Defensor de políticas neoliberais, Quiroga promete "mudanças radicais" na economia, incluindo privatizações, liberalização do mercado, incentivo ao investimento estrangeiro e reaproximação com os Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Já Rodrigo Paz é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) e surpreendeu no primeiro turno ao conquistar forte apoio nas regiões periféricas do país. Sua proposta também é liberal, mas menos agressiva que a de Quiroga.
Com a frase "um pouco de dinheiro para todos", ele argumenta que a Bolívia não precisa de financiamento externo e que seus problemas econômicos podem ser resolvidos sem a intervenção do FMI.
Paz defende incentivos ao setor privado, manutenção de programas sociais, além de propor a descentralização do Estado e investimentos em políticas públicas locais, incluindo gastronomia e cultura.
Independentemente do resultado, especialistas alertam que o novo governo enfrentará um país economicamente fragilizado e socialmente dividido e as perdas serão enormes. O resultado final deve ser conhecido nas próximas horas, mas a expectativa é de uma disputa acirrada.