‘Muro do Bope’: polícia do Rio explica estratégia adotada em operação
Operação nos complexos do Alemão e da Penha terminou com 132 mortes
A operação do Bope nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, resultou em 132 mortes, sendo a mais letal da história do estado, com a polícia justificando a estratégia adotada como proteção aos moradores.
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) explicou a estratégia utilizada no massacre nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em 132 mortes, segundo a Defensoria Pública do Estado. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 29, dia seguinte à ação, o secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, detalhou o que chamou de ‘Muro do Bope’.
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“Incursão de tropas do Bope na área mais alta da montanha da Serra da Misericórdia, que divide os dois complexos, criando o que chamamos de ‘Muro do Bope’. Policiais incursionados nessa área fazendo com que os marginais fossem empurrados para essa área mais alta”, explicou o secretário.
De acordo com Menezes, a opção por levar a ação para a área de mata se deu para proteger os moradores dos complexos. Segundo ele, porém, o confronto foi motivado pelos criminosos.
“Isso tinha o objetivo claro de proteger essa população de bem que mora naquela região. A grande maioria dos confrontos, quase a totalidade, se deu na área de mata. A opção pelo confronto se deu pelos marginais e narcoterroristas”, continuou.
Com a explicação da estratégia adotada na operação, o secretário da PM afirmou que estava “refutando totalmente a retórica de que não houve planejamento” na operação.
Com corpos sendo retirados por moradores ainda nesta quarta, a Defensoria Pública do Estado contabilizou 132 mortos na operação. De acordo com a Polícia Civil, quatro desses eram policiais. A ação também apreendeu 81 suspeitos e apreendeu 90 fuzis. A Polícia Civil esperava que cem traficantes fossem detidos.
De acordo com levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), a operação é a mais letal da história do Rio e superou a chacina policial no Jacarezinho (Zona Norte) em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas em conflito com as forças do Estado – contando o óbito de um policial.
Os pesquisadores apontam, ainda, que as três operações policiais na cidade do Rio com mais óbitos registrados desde 1990 aconteceram durante o governo de Cláudio Castro (PL), reeleito governador na eleição passada, em 2022.
Na manhã desta quarta, o governador Cláudio Castro (PL) chamou a operação de "sucesso". "Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais", disse.
