Polícia reconhece autoria de corpos na mata, mas classifica letalidade como "dano colateral muito pequeno"
Megaoperação já deixou mais de 100 mortos em comunidades do Rio; polícia afirma que óbitos ocorreram por resistência de suspeitos
Polícia do Rio de Janeiro reconhece ligação de mortes em área de mata com megaoperação e classifica alta letalidade como "previsível", mas afirma que o "dano colateral foi muito pequeno", destacando quatro policiais mortos e quatro civis feridos.
As forças de segurança do Rio de Janeiro reconheceram que os corpos retirados por moradores dos complexos do Alemão e da Penha de uma área de mata e levados para uma praça são resultado da megaoperação. Apesar da alta letalidade, que a própria polícia afirmou ser "previsível", a corporação disse, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 29, que o "dano colateral foi muito pequeno". Já são mais de 130 mortos confirmados no total.
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O secretário da Segurança Pública, Victor dos Santos, afirmou que houve todo um trabalho de inteligência e de planejamento para a operação, fruto de uma investigação de aproximadamente um ano. Segundo ele, esse conhecimento foi necessário para que houvesse "um planejamento muito minucioso de como deveria ser a fase ostensiva", quando os policiais entram em campo para cumprir os mandados.
"Dentro do histórico de operações naquele cenário, naquela localidade, procuramos deslocar o local de contato com esses criminosos, tirando-os da área nas comunidades ara a área de mata, onde eles efetivamente se escondem e atacam as forças policiais. Dessa maneira, a opção foi feita para o quê? Para preservar a vida de todos os moradores que residem naquela região. E obviamente, minimizar o dano colateral. Dentro desse contexto, nós tivemos um dano colateral muito pequeno, quatro pessoas inocentes foram baleadas, feridas, mas sem gravidade", disse.
"Ao deslocar esse contato com o criminoso para aquela área de mata, os nossos policiais também teriam um risco maior. E lamentavelmente tivemos quatro vítimas, quatro heróis que nos deixaram, quatro policiais que saíram de suas casas para arriscar a sua vida e libertar aquelas pessoas inocentes que moram naquela comunidade sob o jugo de criminosos", acrescentou o secretário.
Ainda segundo Santos, "essa alta letalidade que se verificou durante a operação era previsível, mas não era desejável". De acordo com ele, os suspeitos que optaram por se entregar, foram presos e levados à delegacia para o cumprimento do flagrante. "Agora, parte desses criminosos resolveu enfrentar o Estado e atacaram deliberadamente de forma cruel e violenta os nossos policiais."
O coronel Marcelo Menezes iniciou sua fala solidarizando-se com os quatro policiais mortos. Ele enalteceu o trabalho dos agentes que atuaram na ação, definindo a "maior operação da história da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro" como um "grande marco".
"O vídeo de nossos drones mostra grande número de criminosos fugindo para a mata, o que era comum. A diferença crucial nesta operação foi a infiltração do BOPE na área de mata, o que gerou forte resistência. O confronto começou às 6h e estendeu-se até 21h, com tropas do BOPE, Polícia Civil e Batalhão de Choque enfrentando uma grande resistência de marginais fortemente armados", afirmou Menezes, que acrescentou que todas as mortes serão apuradas.