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Professora "presenteada" com esponja de aço reconhece machismo, mas questiona racismo

Docente descreve relação com aluno e explica por que não quis revidar

15 mar 2023 - 11h39
(atualizado às 11h45)
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Professora negra recebe esponja de aço de "presente" no Dia da Mulher
Professora negra recebe esponja de aço de "presente" no Dia da Mulher
Foto: Reprodução Twitter

A professora negra que recebeu uma esponja de aço como “presente” no Dia da Mulher falou pela primeira vez sobre o caso para o jornal Metrópoles. 

"Houve machismo, consigo enxergar. Muito embora tenha sido em forma de brincadeira, ela tem algo por trás. Você fazer algo assim tem um pensamento ideológico anterior", afirmou a professora Edmar Sônia, de 48 anos.

A docente, no entanto, questiona se houve racismo no ato: "não sei te falar se teve racismo naquilo, porque ele também tinha dado o pacote de ‘bombril’ para a namorada, que não tem as mesmas características que eu”. 

Edmar é professora há 16 anos e começou a dar aulas de língua portuguesa no colégio onde aconteceu o ataque neste ano. “Apesar do ocorrido, temos uma boa relação de aluno e professor. Duas estudantes me procuraram e falaram: ‘Eu não acredito que você aceitou, isso é muito agressivo, que ódio’. Elas falaram em forma de revolta, com raiva”, contou.

Ela afirmou ainda que manteve a calma porque a turma começou a ficar agitada, "mas cada vez mais estudantes vieram até mim. Recebi chocolates como demonstração de solidariedade, de meninos e meninas. Me falaram que eu não merecia passar por isso, e isso me chamou a atenção”, lembra.

Entenda o caso

Um estudante do Centro de Ensino Médio (CEM) 9 de Ceilândia, no Distrito Federal, “presenteou” uma professora negra, no último dia 8 de março, Dia da Mulher, com um pacote de esponja de aço.

O momento foi filmado e colegas de sala davam risadas enquanto o adolescente entregava a sacola. Outros alunos afirmaram ainda que o rapaz que entregou a esponja chegou a brigar com pessoas que criticaram sua atitude. “Ele começou a quebrar o pau, xingou todo mundo e chamou de ‘beta’ nojento”. O termo Beta vem sendo utilizado por grupos masculinistas e misóginos e se refere à ideia de um homem submisso à mulher.  

Em nota, a Secretaria de Educação disse que a direção da escola tem autonomia para conduzir o caso e que está em diálogo com todos os envolvidos. “A pasta ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de preconceito e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos”, afirmou em nota.

Fonte: Redação Nós
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