Stellantis: 'Estamos na iminência de parada de uma das fábricas' por falta de chips
Crise de semicondutores por incidente diplomático entre China e Holanda já afeta abastecimento do componente nas linhas de montagem no Brasil
A escassez de semicondutores está voltando a assombrar a indústria automotiva brasileira. Desde setembro passado, o governo holandês assumiu o controle da Nexperia, fabricante de semicondutores com uma unidade na Holanda, porém com controle acionário chinês. O movimento do governo ocorreu após a Wingtech, controladora da Nexperia, ter sido incluída pelos Estados Unidos numa lista de restrições à exportação para lá, e por medo de que houvesse transferência de tecnologia direta da Holanda para a China.
Em resposta, o governo chinês interrompeu as exportações das fábricas da Nexperia na China, o que paralisou a cadeia de fornecimento que inclui as instalações holandesas, paralisando também o fornecimento global de chips e semicondutores automotivos.
E no meio desse impasse ficam as montadoras, como a Stellantis, que já anunciou estar prestes a parar uma de suas fábricas no Brasil por conta da falta de chips. "Claramente estamos na iminência de uma parada nas nossas fábricas caso não consigamos resolver a situação. A Anfavea trabalhou bem com o governo e CEOs de outras marcas. Acho que conseguimos chegar a um caminho eficiente que nos dá uma esperança de que esse problema será resolvido antes de criar um impacto maior na produção. Temos esperança e uma expectativa bem mais otimista nesse momento. É um cenário que estamos acompanhando 'hora a hora", afirma Herlander Zola, presidente da Stellantis na América do Sul.
Zola não especificou qual das fábricas do grupo é a mais afetada, Goiana (PE), Betim (MG) ou Porto Real (RJ). Mas afirma que as montadoras vêm se movimentando para contornar a crise junto ao governo brasileiro. No entanto, linhas de produção ainda podem ser interrompidas a qualquer momento pela falta de componentes.
"O problema só deixa de existir quando tivermos as peças aqui. Elas não chegaram, portanto o risco ainda existe. A decisão de ter exceções na China, essas decisões já foram tomadas. Todas as empresas se movimentaram para cumprir esses protocolos e fazer as importações. Não existe uma data de corte geral, o que existe é uma situação que pode impactar uma linha de produtos A daqui a uma semana ou o Produto B daqui a uns dias. O processo de importação em si é rápido, conseguimos trazer via transporte aéreo, são peças pequenas. Entre dois e três dias conseguimos trazer as peças. Daí o otimismo de conseguir trazer os chips antes de parar a produção de carros".
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