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Volkswagen Tera e Renault Boreal: eleitos no Prêmio Trend Car 2025  Foto: Divulgação / Guia do Carro

SUVs 2025: VW Tera e Renault Boreal explicam a febre que tomou as ruas

Tera e Boreal mostram, na prática, por que os SUVs viraram objeto de desejo do brasileiro em 2025 e passaram a dominar ruas e rankings

Imagem: Divulgação / Guia do Carro
  • Coluna do EDU PINCIGHER
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18 dez 2025 - 08h55
(atualizado às 09h15)

Estive nas últimas semanas presente em diversas premiações executadas por órgãos de imprensa. Várias. Todas têm o intuito de reconhecer lançamentos de automóveis que foram marcantes no decorrer do ano, seja por terem sido disruptivos em tecnologia ou rompido paradigmas mercadológicos.

Em teoria, só ganha lançamento que deu certo.

Além de uma profusão de prêmios para as marcas chinesas, com destaque para GWM, GAC e Geely, que faturaram diversas categorias em vários desses prêmios, chamou a minha atenção a polarização que acabou ocorrendo nas categorias principais entre dois SUVs lançados em 2025 de marcas tradicionais: VW Tera e Renaut Boreal.

Já disse meses atrás nesse espaço o que acho que vai acontecer com o Tera. A Volks colocou esse carro desde o lançamento na prateleira das celebridades, ao lado de Fusca e Gol. Ela quer que ele seja um dos três modelos mais importantes da história da marca no Brasil. E acredite: quando uma gigante quando a Volks quer elevar seu produto a esse status, ela consegue. Basta observar que a marca sempre lançou novos modelos com posicionamentos de preços ligeiramente acima da concorrência. Não o Tera.

Aliás, não há nada de errado em lançar carros mais caros que os rivais. Se ela tem prestígio para cobrar mais por aquele produto, como Honda e Toyota legitimamente também o fazem, ela está certíssima em fazê-lo. Fabricante de carros é uma empresa como qualquer outra e pode (e deve) objetivar lucros. Você paga se quiser. Isso é mais maduro do que ficar choramingando que “fabricante tem muita margem de lucro”. É só não comprar.

É como se alguém ficasse buzinando na sua orelha que há um mesmo advogado/médico/engenheiro/jornalista/motorista de ônibus que faz o mesmo que você faz e ganha um salário 10% menor. Isso significa que você deve pedir para o seu chefe te demitir e contratar o coleguinha?

É bom ter maturidade no mundo dos adultos

Com o Tera, a Volks não cobrou mais caro (versus Kardian e Pulse). Lançou o modelo com um posicionamento agressivo de preços, inclusive com a versão de entrada ali na casa dos R$ 100 mil. Resultado: ele já virou em poucos meses o vice-líder de vendas no país, atrás somente de Fiat Strada. E mexeu com os preços da concorrência, conforme eu também previ.

Quando digo que a gigante, se quiser promover sua novidade à futura condição de best seller é capaz de fazê-lo, o raciocínio é simples: caso ele não tivesse tido o sucesso de vendas esperado... bastaria que a VW abaixasse seus preços, ou aumentasse os conteúdos das versões, para reposicioná-lo em nova faixa de valores. E isso já consertaria sua aceitação pelo consumidor. Nem precisou disso, mas ela ainda tinha esse recurso.

Isso ocorreu, por exemplo, com o Jeep Commander. Quando não havia chinês espetando as vendas do modelo, ele era vendido com preço cheio. Experimente ver agora os percentuais de desconto que o SUV está recebendo para manter as vendas.

Será que agora vai?

Quanto ao Boreal, a premiação dada ao modelo decorre de um fenômeno diferente. A Renault sempre teve êxito no Brasil com produtos derivados da Dacia, marca romena que pertence ao grupo francês e é autora de projetos como Logan, Sandero e Duster. Todas as vezes no passado em que a Renault tentou incursões nos segmentos mais caros do mercado brasileiro, ela não fez lá grande sucesso.

Todas. Modelos tecnicamente muito virtuosos como Laguna, Safrane, Mégane Sedan, Fluence, Grand Scénic (...) nunca foram campeões de vendas. Sempre estiveram ali no rol dos menos vendidos em suas categorias, e por um motivo muito simples: a Renault não era percebida por esse consumidor como uma opção aspiracional. Os produtos podiam ser bons, a marca é reconhecida mundialmente, mas, ué, quem tinha (R$ 170 mil ou mais, em valores de hoje) para adquirir um carro não considerava a Renault como uma de suas principais opções. A história mostra isso.

O Boreal, de acordo com o que li nas avaliações dos meus colegas jornalistas, é um tremendo produto. É SUV, que é o que a galera quer hoje. Quem sabe a marca não emplaca agora? Percepção de imagem de marca não muda de um dia para o outro, mas se você considerar que as marcas chinesas que predominam na categoria de SUVs (CAOA Chery, BYD e GWM) eram ilustres desconhecidas uma década atrás, e hoje vendem a rodo pelo país, quem sabe não seja o momento de a Renault virar esse jogo e mostrar ao cliente final que, sim, ela tem produto (e méritos) para disputar vendas com essas outras marcas? A eleição do Renault Boreal em vários desses prêmios traz esse raciocínio por trás dos votos. Será que agora vai?

Volkswagen Tera e Renault Boreal: eleitos no Prêmio Trend Car 2025
Volkswagen Tera e Renault Boreal: eleitos no Prêmio Trend Car 2025
Foto: Divulgação / Guia do Carro

“Harley, não!”

Vou comprar uma moto zero km. Estou me desfazendo de meu scooter, que é a melhor solução que existe no planeta para se locomover em grandes cidades. Ficaria com ele, se pudesse. Nada é mais racional, objetivo e inteligente do que rodar pelos congestionamentos em um veículo que faça 40 km/l, não chame a atenção da bandidagem e tenha operação simplificada de pilotagem: você só acelera e freia.

Só o estou vendendo porque preciso da grana para juntar recursos e adquirir a moto nova. Vou te contar o porquê.

Eu prestava serviços, tempos atrás, a uma empresa que exigia minha presença no escritório duas vezes por semana. Essa empresa se foi. Trabalho hoje em dia apenas em home office, o que deixa o scooter parado boa parte do tempo.

A troca dele pela moto tem uma única razão, portanto. Já que é para sair só às vezes, eu decidi encarar a menor praticidade da motocicleta, mas ganharei um veículo apaixonante para pegar estrada aos sábados. Nem que seja para sair de São Paulo no sábado cedo e ir tomar café em Vinhedo (80-90 km). E voltar. Motociclista entende. É por demais prazerosa essa sensação de não-importa-pra-onde-eu-vou. Moto não é um meio de transporte para te levar do ponto A ou B. Importa é o caminho do A ao B.

Feito o introito.

Passei pelo site norte-americano da Harley-Davidson. Não, não vou comprar uma Harley. Nem teria capital para isso. Ademais, eu gosto de moto, não de Harley. Quem gosta de Harley, gosta de Harley. Eu gosto, repito, de moto. Já tive uma, tive de refazer algumas obturações odontológicas... e decidi que nunca mais terei outra, com o devido respeito por quem é apaixonado pela marca e pelos produtos.

Lá estava uma belíssima foto da Fat Boy, anunciada por US$ 22,600. Isso dá cerca de R$ 124 mil. Sabe quanto custa por aqui? Por volta de R$ 150 mil. E isso tendo de pagar imposto e frete.

Chamou minha atenção e pequena diferença de preços, considerando, inclusive, e vale a redundância, os impostos de importação e o frete para atravessar meio mundo. E ainda há quem insista que os veículos vendidos no Brasil são mais caros do que nos outros países. Vamos parar de repetir discursos e começar a formar opiniões baseados em fatos: não é o importador/fabricante instalado no Brasil que cobra caro por motos ou carros. É a carga tributária aplicada por aqui há décadas que eleva o preço final dos nossos veículos. Ponto.

(Vou comprar uma Kawasaki. Nos Estados Unidos, ela custa US$ 6,500, ou R$ 35.800. Aqui, vou pagar R$ 40 mil, só para constar.)

Guia do Carro
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