No apagão de São Paulo, carro elétrico pode energizar casas por até quatro dias
Maioria dos modelos elétricos tem tecnologia V2L, que permite que o veículo se transforme em 'power bank' para abastecer de energia residências
Diante do apagão em São Paulo, que começou na noite de quarta-feira (10) e chegou a afetar 2 milhões e meio de residências e mais de 1 milhão continuam sem energia elétrica na tarde desta sexta-feira (12), o JORNAL DO CARRO foi entender se carros elétricos poderiam contribuir em meio essa crise. A resposta é animadora.
A maioria dos modelos elétricos vendidos no Brasil possuem uma tecnologia chamada de V2L, que nada mais é que a possibilidade de transferir a energia armazenada nas baterias para uma instalação elétrica residencial.
"Carros com V2L estão cada vez mais populares no Brasil, todos os elétricos da BYD e da GWM (as empresas que mais vendem na categoria) já contam com essa tecnologia", afirma Evandro Mendes, conselheiro na Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e CEO da Eletricus, empresa especializada em soluções de recarga para carros elétricos.
É possível constatar que a maioria da frota de elétricos do país possue V2L, afinal a BYD responde por 77% dos carros elétricos vendidos no Brasil até novembro de 2025. Vale lembrar que os modelos híbridos plug-in (recarregáveis) mais vendidos do Brasil também possuem essa possibilidade, são eles: GWM Haval H6 e BYD Song Plus - isso só é possível pois há uma maior capacidade de armazenamento de energia das baterias.
"Considerando uma média de capacidade de 50 kWh das baterias é possível constatar que uma casa poderia ficar energizada, com serviços essenciais como lâmpadas, geladeira, TV, recarga de celular, por até quatro dias", diz Mendes.
O especialista esclarece que é necessário ter um adaptador V2L para poder conectar o carro à instalação elétrica residencial e é necessário tomar certos cuidados. "A maioria de quem utiliza o V2L no Brasil recorre a uma extensão convencional na qual são ligados diversos aparelhos, pode funcionar, mas tem riscos", alerta Mendes. O ideal é sempre ter uma preparação da instalação elétrica residencial para receber o V2L, pois sem ela você pode causar um problema na rede elétrica, incluindo risco de choque elétrico.
Basta uma adaptação da instalação doméstica para receber o V2L que a conexão com o elétrico será realizada de forma segura sem comprometer a rede elétrica e nem sobrecarregar o sistema residencial.
A questão é que o V2L só pode ser utilizado por proprietários de elétricos que moram em casa, segundo Mendes, quando se trata de prédios residenciais a conexão é mais complexa e normalmente não é permitida.