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Preços dos carros subiram e isso tem explicação; saiba o motivo

Altos preços dos carros zero-km elevaram o valor dos usados, que ficaram 5,8% mais caros em setembro na comparação com o mesmo período de 2024; Toyota Corolla eleva índice

19 out 2025 - 08h00
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É comum ouvir as pessoas comentarem que carro no Brasil está muito caro. E, de fato, está. Mais precisamente, em setembro de 2025 os preços médios de veículos usados subiram 5,8% quando comparados ao mesmo mês de 2024. Isso é um pouco mais do que a inflação do período, que foi de 5,2% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com o IBV Auto, índice do banco BV que mede a variação de preços de automóveis leves usados no País, setembro registrou alta de 0,30% frente a agosto. Desse modo, mostra desaceleração em relação ao mês anterior (+0,92%).

Quando isso começou?

Cabe pontuar, no entanto, que os preços dos automóveis cresceram muito mais que a inflação a partir de meados de 2021, na esteira de uma escassez de componentes eletrônicos. Afinal, nesse período - abalado pela crise da Covid-19, onde as vendas de carros despencaram por conta do isolamento social -, o fechamento das fábricas acarretou na falta de matérias-primas e semicondutores e, consequentemente, impactou a cadeia produtiva global.

"Nesse período, vimos os preços de automóveis novos escalar, e os preços de usados foram a reboque, subindo mais de 50% em um intervalo menor que um ano", destaca Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV. Para ele, a tendência é que os preços de usados desacelerem um pouco nos próximos meses. A expectativa é que haja "algo mais em linha com o que tem havido nos preços de novos", pontua.

IPI Verde baixou o preço do 0-km

Jamil Ganan, diretor de negócios de varejo do banco BV, avalia que "Uma análise mais detalhada mostra também o impacto da política do IPI Verde, que reduz o imposto cobrado sobre veículos populares zero-km. A medida acaba afetando também o mercado de usados, especialmente os modelos populares, que tiveram contração de preço mais expressiva na comparação com as demais categorias".

Carros populares ficaram mais baratos com o IPI Verde
Carros populares ficaram mais baratos com o IPI Verde
Foto: Rodrigo Tavares/Estadão / Estadão

Cesta

Os automóveis do ano de 2021 mostraram, inicialmente, uma aceleração de preços em relação ao valor quando zero-km. Isso decorreu da forte inflação de automóveis novos no pós-pandemia.

Segundo o IBV Auto, em setembro de 2025, a desvalorização média da cesta de híbridos desacelerou para 17,2%. Por sua vez, a cesta dos automóveis a combustão (modelos comparáveis) apresentou desvalorização menor no mesmo período, de 7,5%.

Mais caros e vendas maiores?

De acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o mercado de veículos seminovos e usados no Brasil caminha para um novo recorde histórico. O mais recente relatório da entidade indica que as vendas já alcançaram 13.478.486 unidades entre janeiro e setembro deste ano. Portanto, aumento de 16,4% em comparação com os 11.582.395 registros do mesmo período de 2024.

Venda de seminovos e usados ultrapassou as 13 milhões de unidades em setembro
Venda de seminovos e usados ultrapassou as 13 milhões de unidades em setembro
Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / Estadão

"Os meses de final de ano são historicamente mais intensos em termos de vendas. Por isso, acreditamos que essa reta final deve trazer números ainda mais positivos para o setor, reforçando o veículo usado como a opção mais sólida e vantajosa para o consumidor brasileiro", aponta Enilson Sales, presidente da Fenauto. Em clima de otimismo, a previsão da entidade é fechar 2025 com 17 milhões de unidades, superando os 15,7 milhões de 2024.

Questionado sobre como explicar que, mesmo com aumento de preço, as vendas de carros continuam em alta, Padovani explica que "a alta recente dos preços de usados é reflexo, justamente, da demanda aquecida". O executivo aponta, também, que o volume de vendas de automóveis novos, nos últimos anos, ainda está muito distante do patamar alcançado até meados da década passada. "Parte da explicação para esse menor apetite por novos está no nível de preços. Nesse sentido, o que temos visto é uma maior procura por usados, que é uma alternativa mais em conta para o consumidor", finaliza.

Toyota Corolla sobe e GM Onix desce

A alta de 0,30% registrada pelo IBV em setembro teve como principal influência o Toyota Corolla. O sedã da marca japonesa apresentou valorização média de 3,79% no mês, o que contribuiu com 0,11 pontos percentuais (p.p.) para o resultado do índice. O movimento ganha relevância diante da tempestade de 22 de setembro, que atingiu a fábrica da marca em Indaiatuba (SP), paralisando a produção e comprometendo a fabricação de cerca de 30 mil unidades do modelo em 2025. Ou seja, isso sugere que a elevação nos preços do modelo já reflete uma antecipação do mercado à expectativa de menor oferta nos próximos meses.

Toyota Corolla
Toyota Corolla
Foto: Toyota/Divulgação / Estadão

Além do Corolla, Renault Kwid (+0,07 p.p.) e Volkswagen Gol (+0,07 p.p.) apresentaram os maiores percentuais de alta no período. Em contrapartida, Hyundai HB20 (-0,05 p.p.) e os Chevrolet Prisma (-0,04 p.p.) e Onix (-0,03 p.p.) registraram as principais quedas percentuais.

Chevrolet Onix
Chevrolet Onix
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

Por tipo de motor

O índice também traz análise comparada da desvalorização de veículos por tipo de motorização. Os elétricos de 2022 acumulam desvalorização de 47,4% desde o lançamento até setembro deste ano, impactados também pela queda nos preços dos veículos novos movidos por energia elétrica. Os preços dos híbridos de 2022 caíram 19,5% no período, enquanto os a combustão, na mesma base de comparação, perderam 12,8% em valor.

Carros elétricos
Carros elétricos
Foto: Fiat/Divulgação / Estadão

Outros custos que encarecem o carro

No Brasil, boa parte do motivo de um carro ser tão caro vem dos impostos. Mesmo quem tem carro quitado, sem qualquer financiamento, não se livra de dívidas. Afinal, não basta a elevada carga tributária sobre o automóvel, como Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), o governo ainda cobra do consumidor o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Impostos, variação de câmbio e inclusão de tecnologia também encarecem os carros
Impostos, variação de câmbio e inclusão de tecnologia também encarecem os carros
Foto: Acervo Estadão / Estadão

Porém, impostos não são os únicos vilões dessa história. A variação do câmbio também conta bastante para o preço cobrado pelas montadoras. Afinal, componentes importados encarecem com a desvalorização do real. Some, ainda, os custos de produção, impactados por fatores como mão de obra, logística, energia e insumos. Tem, também, as margens de lucro das montadoras e concessionárias.

Por último, e não menos importante, são as regulamentações de emissões e poluentes, e as evoluções tecnológicas. Ou seja, se por um lado os carros estão cada vez mais econômicos e repletos de sistemas de segurança e entretenimento, por outro, cada componente acrescentado para justificar essa evolução influencia na alta de preço.

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Estadão
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