Aceleramos o Geely EX2, o elétrico com tamanho de Dolphin e preço de Dolphin Mini
O anti-Dolphin tem tração traseira, condução divertida, mas peca por não ter Apple Car Play e Android Auto
A Geely desembarcou em novembro com o seu elétrico anti- BYD Dolphin, o EX2. E o compacto promete incomodar tanto o Dolphin quanto o Dolphin Mini tanto pelo preço, quanto pelo porte e até pelo comportamento dinâmico.
Disponível em duas versões, ambas com o mesmo conjunto elétrico, o Geely EX2 estreiou no começo de novembro com preço especial de lançamento: a opção de entrada Pro custa R$ 119.990 e a de topo de linha Max sai por R$ 135.100.
Mesmo com a virada do mês a Geely decidiu manter os valores de lançamento e não revelou qual a data prevista para um possível aumento dos preços. Com esse posicionamento, o Geely EX2 chega para disputar vendas tanto com o BYD Dolphin Mini (R$ 119.990), atual carro elétrico mais vendido do País, quanto com o BYD Dolphin (R$ 149.990).
O Jornal do Carro teve a oportunidade de experimentar por alguns dias o elétrico da marca novata, que inclusive anunciou a compra de 26,4% das ações da Renault do Brasil. A Geely dá um grande passo para se tornar uma das marcas chinesas mais populares do País.
Com 4,13 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,65 m, o Geely EX2 é um hatch compacto de dimensões generosas, é o mesmo entre-eixos do VW T-Cross, um SUV reconhecido pelo seu generoso espaço interno. Portanto quatro adultos viajam com tranquilidade e o assoalho plano da segunda fileira permite que até um quinto ocupante se acomode com um certo conforto.
O Geely EX2 tem uma lista de equipamentos bem robusta desde a versão Pro. Por exemplo, já vem com seis airbags, saídas de ventilação para o banco traseiro e multimídia com tela de 14,6 polegadas.
Já a versão Max adiciona banco elétrico para o motorista, teto pintado de preto, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com função Stop&Go, sistema de câmera panorâmica, iluminação ambiente personalizável na cabine, carregador de celular por indução e rodas de liga leve de 16?.
Como anda o Geely EX2?
O modelo é o único elétrico da categoria com motor instalado no eixo traseiro - e com tração traseira e isso é bom. O motor elétrico rende 116 cv e 15,3 mkgf. Segundo a marca chinesa, a aceleração de 0 a 100 km/h é de 10,2 segundos, com velocidade máxima de 140 km/h. E graças ao peso de apenas 1.300 kg o desempenho é satisfatório tanto na rodagem urbana quanto na rodoviária, não deixando a desejar quando foi exigido em ultrapassagens.
De acordo com a Geely, o EX2 tem tração traseira para evitar que as rodas dianteiras destracionem durante as acelerações mais bruscas (algo corriqueiro devido a característica do torque instantâneo dos elétricos). Porém essa decisão trouxe mais diversão ao volante. É como se o elétrico estivesse mais "assentado" e em altas velocidades traz mais segurança. O acerto da suspensão também contribui para essa sensação. Há ajuste mais firme que permite uma condução com um "quê" de esportividade e não traz o incômodo fim de curso dos amortecedores, principal crítica ao Dolphin Mini antes de ser reestilizado recentemente.
A ergonomia é privilegiada graças aos ajustes elétricos dos bancos dianteiros e ao ajuste de profundidade e altura do volante. A tela de 14,6" não está voltada para o motorista, mas tem acessos facilitados devido ao seu tamanho e está acompanhada de um carregador por indução no console central, item exclusivo da versão Max (testada pelo Jornal do Carro).
A multimídia traz um touch responsivo e uma operação intuitiva, mas peca ao não oferecer nem Apple Car Play e nem Android Auto. Para usufruir do espelhamento é necessário baixar no smartphone um aplicativo exclusivo para essa função. Existe a possibilidade do EX2 receber por meio de atualização remota (OTA) a conexão com ambos os sistemas, mas ainda não há uma data estipulada. Essa ausência compromete (muito) a vida a bordo, em especial, em grandes metrópoles como São Paulo que a utilização do Waze é praticamente obrigatória para os deslocamentos do dia a dia, devido ao tráfego intenso.
Outro ponto que merece atenção é a ausência de botões físicos. Entidades respeitadas como Euro NCap e Latin NCap já declaram oficialmente que botões físicos são mais seguros durante a condução. Portanto botões que exerçam funções redundantes como ar-condicionado e controle de volume são bem-vindos. O EX2 tem apenas os ajustes manuais no volante e há também no console central para o controle da transmissão automática.
A bateria de 39,4 kWh tem autonomia de 289 km no padrão do Inmetro e trata-se de um alcance dentro da média desse segmento de compacto elétricos composto tanto pelos BYD, quanto pelo GWM Ora 03 e pelo também novato Chevrolet Spark.
O carregamento pode ser feito em corrente direta (DC) ou alternada (AC). O que muda é o tempo: são 21 minutos para recuperar de 30% até 80% da energia em estações de alta potência, e até 6,5 horas para completar 100% da carga em carregadores Wallbox, como os residenciais.
O trunfo do EX2 é ter porte de Dolphin com preço de Dolphin Mini e ainda com o extra de oferecer um comportamento dinâmico superior. Ao considerarmos a versão Max (R$ 135.100) ela é mais acessível que todos os rivais de mesmo porte e oferece o mesmo nível de equipamento e espaço. Será que o EX2 pode realmente incomodar a hegemonia dos BYD Dolphin no mercado de elétricos? Cenas para os próximos capítulos da corrida da eletrificação no Brasil.