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Em alta no City, Fernandinho sonha com Copa e quer ação contra racismo
Um dos clubes mais endinheirados do futebol europeu, o Manchester City iniciou a temporada 2013/14 disposto a não repetir o ano anterior, em que deu vexame na Liga dos Campeões - queda na primeira fase - e terminou com o vice do Campeonato Inglês. Para conquistar novos títulos, o clube gastou 30 milhões de euros (R$ 90 milhões) nos atacantes Álvaro Negredo e Stevan Jovetic, mas o maior valor, 40 milhões de euros (R$ 120 milhões), foi investido em um brasileiro: Fernandinho.
Revelado pelo Atlético-PR, o volante ficou oito temporadas no Shakhtar Donetsk, onde conquistou seis edições do Campeonato Ucraniano e a Liga Europa de 2008/09. As atuações sólidas no Leste Europeu chamaram a atenção do Manchester City, e o meio-campista rapidamente respondeu positivamente: tornou-se titular e vem formando boa dupla com o marfinense Yaya Touré.
"Eu vim muito bem preparado, me preparei bem psicologicamente para enfrentar todos os desafios. Um dos desafios era me tornar titular absoluto para jogar a maior quantidade de jogos possíveis. O que está acontecendo foi planejado lá atrás", disse Fernandinho em entrevista ao Terra.
O meio-campista mantém a esperança de ser lembrado por Luiz Felipe Scolari para que possa participar da Copa do Mundo de 2014. Se o volante esteve em algumas convocações de Mano Menezes, com Felipão ainda não recebeu oportunidades para defender a Seleção Brasileira. O jogador ainda falou sobre o caso de racismo sofrido por Touré em partida pela Liga dos Campeões. Fernandinho explicou que não ouviu os cânticos preconceituosos proferidos pela torcida do CSKA de Moscou, mas pediu uma ação dura da Uefa contra a intolerância.
Confira a seguir a entrevista de Fernandinho na íntegra:
Terra - Como está sendo sua adaptação à Inglaterra? Imagino que seja mais fácil do que se adaptar à Ucrânia.
Fernandinho -
Está sendo bem boa. As coisas estão indo bem. Tem muitas coisas legais, estou conseguindo jogar em todos os jogos praticamente. Não tive problema nenhum com o clima ou com o idioma. Estou me conseguindo relacionar bem com todo mundo. Está indo bem rápido. É bem mais fácil que foi na Ucrânia, ainda mais pela diferença de idade que tenho hoje, de experiência e das facilidades que se encontram hoje. É muita diferença.
Terra - Você chegou a ser convocado pelo Mano Menezes, mas não vem recebendo muitas chances. Ainda acha que pode entrar nos planos do Felipão para a Copa do Mundo?
Fernandinho -
Tenho essa esperança. Tenho trabalhado visando essa convocação. Pela minha transferência do Shakhtar para cá, estou disputando uma liga maior, mais rica e de uma qualidade melhor, isso visando essa minha volta à Seleção Brasileira. Consegui jogar praticamente todos os jogos e estou nessa expectativa.
Terra - Pela sua posição, a briga segue boa na Seleção. O Felipão recentemente voltou a chamar Ramires e Lucas Leiva, que estavam afastados. Isso mantém suas esperanças?
Fernandinho -
Sem dúvida, anima sim. Tem a volta de jogadores que estavam fora e o fato de o Felipão estar dando chances, fazendo testes e trazendo jogadores novos. Isso aumenta minha esperança e me dá mais motivação e força pra jogar bem no City.
Terra - Você esperava que seu início de trabalho no City fosse tão bom?
Fernandinho -
Eu vim muito bem preparado, me preparei bem psicologicamente para enfrentar todos os desafios. Um dos desafios era me tornar titular absoluto para jogar a maior quantidade de jogos possíveis. O que está acontecendo foi planejado lá atrás. Foi como eu planejei.
Terra - Como foi sua chegada a Manchester? Você teve uma conversa com o técnico Manuel Pellegrini para chegar a uma adaptação tão rápida?
Fernandinho -
Na apresentação, no primeiro dia de treinamento, batemos um papo rápido e me desejou boa sorte. Estou muito feliz de trabalhar com ele e ele disse que espera contar comigo para fazer um time vencedor. Ele é uma pessoa muito calma, muito tranquila, sempre tem um diálogo com o jogador. Ele tem um bom caráter, uma boa forma de trabalhar. Se tem algum problema, a melhor maneira é conversar com os jogadores para o time render mais. Isso que foi o que mais me chamou atenção nele.
Terra - Você apareceu para o futebol com a camisa do Atlético-PR. Ainda acompanha o time à distância?
Fernandinho -
Sim, quando estou em casa acompanho os jogos do Atlético-PR. Tem jogado bem, está no G-4 e espero que termine o ano entre os quatro e consiga a vaga para a Libertadores, que é tão querida pela torcida. Continuo sim sempre de olho.
Terra - Na última semana houve um fato negativo na vitória do City sobre o CSKA, aqueles gritos racistas contra o Yaya Touré. Você chegou a ouvir alguma coisa?
Fernandinho -
Durante o jogo passou despercebido, mas depois do jogo, no outro dia, conversei com ele e ele disse o que tinha acontecido. Estava muito triste com essa situação. Expressei todo meu apoio quando precisasse. É uma coisa lamentável no futebol. Espero que a Uefa tome uma providência e aplique uma punição.
Terra - Você já foi vítima de algo como isso?
Fernandinho -
Não, assim não, não dessa forma. Talvez eu já tenha sido de uma forma que não tenha percebido. De vez em quando acontece em um lugar que a gente não conhece o idioma.
Terra - Como era na Ucrânia? Chegou a presenciar algum ato racista em estádios?
Fernandinho -
Alguns jogadores que jogaram no Shakthar já citaram que ouviram som de macacos, mas não liguei para isso na época. Estava tão concentrado no jogo que nem ouvia.
Terra - Houve a notícia de que o Touré poderia incentivar um boicote de atletas negros à Copa do Mundo de 2018 (que ocorrerá na Rússia). Ele chegou a conversar alguma coisa sobre isso com você? Acha que isso é possível?
Fernandinho -
Acho que tem que ser feita alguma coisa contra isso no futebol, no esporte. Acho que de repente se a Uefa não tomar nenhuma providência até lá, esse boicote pode ser bem analisado e deliberado por jogadores negros.
