Copom deve fechar ano com Selic em 15%, sem estabelecer compromisso com início do ciclo de cortes
Decisão e os novos recados da autoridade monetária serão divulgados nesta quarta-feira, 10
O Copom deve manter a taxa Selic em 15% na última reunião do ano, sem comprometer-se com cortes, que o mercado projeta iniciarem apenas em 2026, dependendo da evolução econômica.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) irá anunciar no fim da tarde desta quarta-feira, 10, a nova taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Para o mercado financeiro, é unânime a expectativa entre os analistas de que o juro será mantido em 15% ao ano. As dúvidas, no entanto, são quando o BC começará a reduzir essa taxa, o chamado início do ciclo de cortes.
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Para o banco Itaú, o comunicado deve enfatizar a necessidade de paciência e serenidade, com passos futuros condicionados à evolução dos dados de atividade, inflação, expectativas e projeções. “Para os próximos passos, a sinalização deve permanecer flexível, sem compromisso explícito com o início do ciclo de cortes, mas reconhecendo que ajustes poderão ser feitos conforme o cenário evolua”.
Embora não espere uma sinalização tão clara do Copom, o Itaú mantém a expectativa de início do ciclo de cortes em janeiro de 2026, com redução de 0,25 ponto percentual (p.p). Para que isso se concretize, no entanto, a instituição afirma que será importante que o comitê ajuste a comunicação desta última reunião do ano, eliminando o trecho que afirma que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado”.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) acredita também que a taxa será mantida nesta última reunião e só comece a recuar em janeiro, com um corte de 0,25 ponto percentual.
Essa mesma posição e otimismo é compartilhada pela Warren Investimentos, que vê o ciclo iniciando com um corte inicial de 0,25 na reunião de janeiro, seguido por reduções subsequentes entre 0,25 e 0,50 e encerrando o ano com a Selic em 12,25%.
“Não esperamos qualquer mensagem explícita sobre as próximas decisões, ao modelo adotado nos últimos comunicados", avalia Luis Felipe Vital, estrategista-chefe de Macro e Dívida Pública da Warren Investimentos. "Mas, ao reconhecer a evolução positiva do cenário a partir da moderação da atividade e inflação e ressaltar o seu modo dependente de dados, o BC deve pavimentar o caminho para uma possível flexibilização já na reunião de janeiro 2026", acrescenta.
Cenário menos otimista
Para a parte do mercado menos otimista, o Copom deve manter a Selic em 15% nesta quarta, mas a expectativa é de que o Banco Central só inicie um ciclo de cortes no fim do 1º trimestre de 2026, ou seja, em março.
Conforme mostrou a edição mais recente do Boletim Focus, economistas consultados pelo Banco Central elevaram suas projeções para a taxa básica de juros ao final de 2026 e passaram a ver manutenção da taxa em janeiro. Para o fim de 2026, a projeção subiu de 12% para 12,25% ao ano. Para o fechamento de 2027, a projeção do mercado permaneceu em 10,50% ao ano.
Os dados do BC mostram que o ajuste nas projeções para a Selic apontando a expectativa de um BC mais cauteloso em 2026 se deu principalmente na sexta-feira, 5, quando os ativos brasileiros sofreram fortes perdas após a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria decidido apoiar a candidatura do seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência.
