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Jogamos Detroit Become Human até o fim várias vezes... UAU!

O que faz um fã de games jogar um lançamento diversas vezes até o fim? Vamos explicar essa história...

28 jun 2018 - 10h00
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Da renomada desenvolvedora francesa Quantic Dream, responsável pelos aclamados Heavy Rain e Beyond: Two Souls ― lançados, respectivamente em 2010 e 2013 para PS3 e relançado posteriormente para PS4 ―, o estúdio volta mais uma vez com um título que mostra bem sobre sua forma de trabalhar usando o máximo da inovação e inteligência artificial para desenvolver uma narrativa de acordo com as escolhas do jogador.

Talvez essa seja uma das análises mais difíceis e demoradas que eu já tenha feito e é resultado de muitas horas de jogo (muitas mesmo!), pois tive que finalizar o game diversas e repetidas vezes para medir o quanto uma escolha in-game poderia afetar o desfecho da obra. No final, fiquei realmente fascinado e até assustado em ver quão bem feito e realista pode ser o desenrolar dos personagens principais.

Foto: Quantic Dream / Reprodução

Falando em realismo, temos inevitavelmente que comparar Detroid Become Human com outros títulos da Quantic Dream ― como Heavy Rain e até mesmo Beyond. Por mais que sempre tenham tentado usar a mesma ideia baseada em controles simplificados para criação de experiências cinematrográficas focadas na narrativa, as limitações de hardware da época atrapalhavam a ideia principal de ter a tão sonhada experiência como se estivéssemos vivendo um filme dentro de um game. Não só pela qualidade dos gráficos em geral não passar a ideia de um filme, mas também pela falta de detalhamento expressivo nos personagens, coisa que para esse gênero é extremamente necessário.

Porém, em Detroid Become Human, o destemido e insistente David Cage, líder do estúdio ― que muitas vezes mais parece um cineasta do que um desenvolvedor de jogos ― quebra mais um paradigma e entrega o tão sonhado jogo com vida própria, deixando de lado características usuais de jogabilidade para entregar um gameplay com um foco narrativo em outro nível.

O game traz uma perspectiva muito diferente: é um thriller de ficção científica com um clima neo-noir sombrio, no qual podemos firmemente comparar com aquilo que vimos na série Black Mirror. O visual é incrivelmente realista pois usa toda a potência gráfica para apoiar a história. A fotografia do jogo por vezes nos faz esquecer que estamos no controle, pois torna tudo ainda mais deslumbrante, assim como os personagens interpretados pelos atores Valorie Curry (Kara), Jesse Williams (Markus) e Bryan Dechart (Connor). O jogo em si não entrega somente um gráfico bem trabalhado, sua história, um drama de ficção traz três pontas soltas, alimentadas inteiramente pelas suas decisões, que podem fazer de simples mudanças até levar a um grande desfecho repentinamente.

O jogo inicia com Connor, um detetive androide enviado para analisar e resolver um situação com reféns em um apartamento. Por ser um androide, ele não sente dor e está programado para realizar o seu trabalho dentro de um conjunto de parâmetros. Nesta primeira situação, o seu alvo é um babá androide que por algum motivo se rebelou contra a família que foi programado para cuidar e proteger.

Nesse primeiro momento, o jogo já mostra parte de seu potencial como narrativa pois, ao mesmo tempo em que você analisa pistas ao seu redor para entender o que está havendo, a história continua a se desenrolando constantemente. A situação apresenta escolhas rápidas que deixarão suas emoções à flor da pele por conta da velocidade em que são requisitadas, algo que é necessário para fazer com que você não precise muito analisar a situação e haja com naturalidade ― como faria na vida real.

Mais uma vez preciso ressaltar o realismo que o jogo proporciona, pois isso torna as decições muito mais difíceis. Os personagens parecem muito reais por conta de suas expressões, animações e até mesmo dublagem ― que, por sinal, é incrível, tanto em português quanto em inglês.

Foto: Quantic Dream / Reprodução

O design de arte é incrivelmente bem trabalhado também. A história aqui se passa em 2038 em Detroit, com prédios brilhantes cobertos por hologramas, estações de estacionamento e convivência de androides separados de humanos. Toda a parte de design, desde menu até cenários e indicações de pontos narrativos dentro do jogo, funciona muito bem.

A jogabilidade é direta e resumida, mas está na medida certa. Com controles de movimentos rudimentares e eventos de tempo rápido bem pensados, o jogo em momento algum se torna algo repetitivo, visto que é dividido em capítulos. Quando resolvemos um, passamos para o próximo capítulo do outro personagem e cada um deles tem uma história bem diferente, mudando algumas formas de interação. No comando de Connor, por exemplo, você usa evidências para reencenar um incidente, que resultarão em um vídeo que pode ser avançado para analisar a simulação do que ocorreu. Já com a Kara, algumas partes da jogabilidade podem ser mais simples, pois ela se trata de uma androide “doméstica”.

O jogo tem algumas falhas, como a construção de situações forçadas e desnecessárias, algo que deveria ser opcional. É o caso da árvore de situações que surge após a finalização de um capítulo: ela tira um pouco da magia da escolha dentro do game. Mas nada disso estraga a incrível experiencia que é Detroit Become Human.

Foto: Quantic Dream / Reprodução

O novo game da Quantic Dream pode não ser o único representante deste estilo de jogo, mas nenhum tem a sofisticação cinematográfica que vimos aqui. Detroit Become Human representa a evolução do gênero e inspira outras fraquias e desenvolvedores a fazerem o mesmo, seja investindo em gráficos, enredo ou na própria inteligência artificial, que apesar de assustadoramente avançada.

Não seria incrível se um dia pudéssemos conversar de verdade com nosso personagens favoritos dentro do jogo?

[Parceria Acesso Geek]

Geek
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