Não imprimiram plano para fazer 'barquinho de papel', ironiza Moraes sobre Punhal Verde e Amarelo

Relator afirmou que sugerir que o plano para matar autoridades não foi debatido é “ridicularizar inteligência do STF”

9 set 2025 - 14h36
(atualizado às 15h03)
Resumo
Alexandre de Moraes ironizou a versão de que o "Plano Punhal Verde e Amarelo", que visava matar autoridades e impedir a posse de Lula, não foi discutido entre Bolsonaro e um general, destacando provas no julgamento da trama golpista no STF.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou a impressão do general Mário Fernandes do chamado Plano Punhal Verde e Amarelo momentos antes de uma reunião do militar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em novembro de 2022. O comentário aconteceu durante o terceiro dia do julgamento da trama golpista no STF, nesta terça-feira, 9.

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Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, durante o julgamento da Ação Penal 2.668, que apura tentativa de golpe de Estado
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, durante o julgamento da Ação Penal 2.668, que apura tentativa de golpe de Estado
Foto: Divulgação/Rosinei Coutinho/STF

O planejamento tinha em vista o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, relator do julgamento no STF.

A Polícia Federal afirma que o plano foi elaborado por alguns militares das Forças Especiais do Exército, chamados “kids pretos”, que tinham como objetivo impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder em um golpe de Estado.

Moraes considera que não é razoável achar que o documento, que foi impresso dentro do Palácio do Planalto, e que foi apresentado no encontro entre Fernandes e Bolsonaro, tenha sido transformado em um “barquinho de papel”, ou seja, que não foi discutido entre os dois no Palácio da Alvorada.

"Não é crível, não é razoável achar que Mário Fernandes imprimiu no Palácio do Planalto, se dirigiu ao Palácio da Alvorada, onde estava o presidente, ficou uma hora e seis minutos e fez barquinho de papel com a impressão do Punhal Verde e Amarelo. Isso é ridicularizar a inteligência do tribunal", disse.

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Para o magistrado, existem fartas provas de que esse planejamento — de executar Lula, Alckmin e ele mesmo — tinha detalhamento das chances de êxito, efeitos colaterais e armamentos que seriam usados.

“A unidade de desígnios, a unidade de tarefas, hierarquizada, resta fartamente comprovada nos autos”, afirmou.

Moraes diz que plano para matá-lo não pode ser ‘banalizado’ e que não foi impresso em uma ‘gruta’
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Votos

Primeiro a se manifestar, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus. Em seu voto, Moraes afirmou que todos os acusados agiram em conjunto e cometeram múltiplos crimes. 

O julgamento foi retomado após mobilizações pró-anistia nas ruas de diversas cidades pelo Brasil no Sete de Setembro. A ordem de votação dos ministros é pré-determinada. Após o voto do Moraes, será a vez de Flávio Dino, seguido por Luiz Fux. Na sequência, vem o voto de Cármen Lúcia. Por fim, os votos são encerrados pela manifestação do presidente da Turma, que no caso é Cristiano Zanin.

O julgamento

Nesta terça-feira, 9, acontece o terceiro dia de julgamento, que entrou na segunda semana. Os ministros do STF devem continuar as sessões nos dias 10, 11 e 12 de setembro.

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São réus no processo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto; ex-ajudante de ordens Mauro Cid; almirante de esquadra que comandou a Marinha, Almir Garnier; ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Em relatório final, emitido em julho, a Procuradoria-Geral da República pediu a condenação dos réus (com exceção de Ramagem) pelos crimes:

  • Organização criminosa armada – pena de 3 a 8 anos de prisão, podendo chegar a 17 anos se houver uso de arma de fogo ou participação de funcionário público;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito – pena de 4 a 8 anos de prisão;
  • Golpe de Estado – pena de 4 a 12 anos de prisão;
  • Dano qualificado pela violência ou grave ameaça – pena de seis meses a 3 anos de prisão;
  • Deterioração de patrimônio tombado – pena de 1 a 3 anos de prisão.
  • As penas máximas somadas podem chegar a 43 anos.
Fonte: Redação Terra
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