Alexandre de Moraes iniciou os votos no julgamento de Jair Bolsonaro e aliados por trama golpista, em meio ao avanço do processo no STF e mobilizações pelo país.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse que "cancelar o jogo" não seria interessante para ele, em tom de brincadeira. Nesta terça-feira, 9, os ministros do STF entram no terceiro dia de julgamento dos réus envolvidos na trama golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O ministro transcreveu e leu toda a comunicação feita entre os réus sobre a chamada "operação Copa 2022", em que os criminosos usavam como codinomes os nomes de países, inspirados pela série da Netflix "La Casa de Papel".
"'Gana: Japão, onde você está? Áustria: chegando, com o placar apertado, Supremo em dia de votação de orçamento', nós estávamos votando no dia de orçamento secreto", relembra Moraes.
"Então fala: 'Com o placar apertado, Supremo em dia de votação de orçamento. Estou perto da posição. Vai cancelar o jogo?' O jogo não seria muito interessante para mim", brincou Moraes. Isso porque o "jogo" a que os criminosos se referiam, seria o homicídio de Alexandre de Moraes.
"'Vai cancelar o jogo?' E aí vem a mensagem do Ministério da Defesa, de interlocutores, que não houve a concordância e se cancela o jogo", leu o ministro relator.
A "operação Copa 2022" era um planejamento que fazia parte do plano chamado "punhal verde e amarelo".
Votos
O ministro Alexandre de Moraes é o primeiro a votar pela condenação ou absolvição de Jair Bolsonaro e outros sete aliados na ação penal da trama golpista, por ser o relator do caso. O julgamento foi retomado após mobilizações pró-anistia nas ruas de diversas cidades pelo Brasil no Sete de Setembro. A ordem de votação dos ministros é pré-determinada.
Depois é a vez de Flávio Dino, seguido por Luiz Fux. Na sequência, vem o voto de Cármen Lúcia. Por fim, os votos são encerrados pela manifestação do presidente da Turma, que no caso é Cristiano Zanin.
O julgamento
Nesta terça-feira, 9, acontece o terceiro dia de julgamento, que entrou na segunda semana. Os ministros do STF devem continuar as sessões nos dias 10, 11 e 12 de setembro.
São réus no processo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto; ex-ajudante de ordens Mauro Cid; almirante de esquadra que comandou a Marinha, Almir Garnier; ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Em relatório final, emitido em julho, a Procuradoria-Geral da República pediu a condenação dos réus (com exceção de Ramagem) pelos crimes:
- Organização criminosa armada – pena de 3 a 8 anos de prisão, podendo chegar a 17 anos se houver uso de arma de fogo ou participação de funcionário público;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito – pena de 4 a 8 anos de prisão;
- Golpe de Estado – pena de 4 a 12 anos de prisão;
- Dano qualificado pela violência ou grave ameaça – pena de seis meses a 3 anos de prisão;
- Deterioração de patrimônio tombado – pena de 1 a 3 anos de prisão.
- As penas máximas somadas podem chegar a 43 anos.