Deputados da base do governo criticaram o voto do ministro Luiz Fux no STF, que absolveu Jair Bolsonaro, considerando-o longo, inconsistente e semelhante à defesa do ex-presidente, mas demonstraram expectativa de condenação nos votos seguintes.
Deputados da base governista criticaram o voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que absolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da trama golpista. Em sessão que analisa a Ação Penal 2668, que apura a tentativa de golpe de Estado, os parlamentares acusaram Fux de ultrapassar os limites da atuação judicial ao adotar uma postura que classificaram como 'incompatível com sua função' e semelhante à de um advogado de defesa.
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O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) fez uma analogia para criticar a lógica do voto. "A culpa é dos peixinhos. Os tubarões? Não! Não fizeram parte de organização criminosa nenhuma".
O parlamentar acrescentou que "no momento em que o Supremo é atacado pelo governo norte-americano e pela extrema-direita, o voto do ministro Fux vai além dos advogados de defesa, que tentavam redução de penas. E ataca o Supremo, demoniza o Supremo em um momento desses".
Farias ainda caracterizou a manifestação como "um voto, às vezes, com pitadas de provocação" e afirmou que esperava um voto "com coerência".
Já o deputado Rogério Correia (PT-MG) criticou o tempo de duração do voto, que já leva quase 10 horas. "O voto é longo, chato e inconsistente. Por quê? Ele culpa Mauro Cid por ter feito parte de um processo de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito de forma violenta, por isso o Mauro Cid foi por ele condenado, mas a quem interessava isso que era o Bolsonaro, não há condenação nenhuma".
Para o parlamentar, Fux não fez uma análise conjunta de todos os elementos probatórios. "Ele não junta fatos históricos. Cita cada fato como se fosse separado de outro. No caso de Moraes, ele faz exatamente uma conexão da história. Então quando você desconecta da história e vai ver cada fato separado, você tira exatamente o conteúdo que aconteceu. Acho que prepararam ele dentro de uma ideia positivista de direito e negacionista da história".
Ivan Valente (PSOL-SP) também criticou a duração e o foco do voto. "Ele disse que iria não discutir preliminares e gastou três horas falando disso". O parlamentar acrescentou: "Primeiro que ele vai despedir todos os advogados, porque ele foi o grande advogado do Bolsonaro. Eles vão perder o emprego. Ele foi mais longe aos bolsonaristas do que os advogados".
Valente também sugeriu motivações externas. "Segundo, ele quer agradar os lá de fora", disse ele, referindo-se aos Estados Unidos. "Eu nunca vi um ministro se desgastar tanto em um julgamento, e mais, ele foi desrespeitoso com o conjunto do Supremo, os colegas dele, e com o procurador da República também", completou.
Expectativas para os próximos votos
Os deputados demonstraram expectativa de que os votos seguintes possam reequilibrar o julgamento. Lindbergh Farias projetou: "Amanhã vai ser um dia muito importante, vem o voto da ministra Cármen Lúcia, o voto do ministro Zanin. Com certeza, na minha avaliação, Moraes vai pedir apartes para rebater estas impropriedades ditas no dia de hoje".
Rogério Correia também manifestou confiança. "Acho que amanhã o voto de Cármen Lúcia, de Zanin, com certeza, vão retomar essa história necessária que foi construída no voto do Alexandre Moraes".
A base governista afirmou que mantém a expectativa de que, apesar do que foi argumentado no voto de Fux, o resultado final será a condenação de Bolsonaro e seus aliados pela participação na trama golpista.