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New York Times processa a startup de IA Perplexity por violação de direitos autorais

A ação acusa a companhia de roubar conteúdos para a formulação de respostas oferecidas aos usuários

5 dez 2025 - 12h02
(atualizado às 12h10)

O The New York Times anunciou nesta sexta, 5, que vai processar a startup Perplexity AI, que desenvolve uma ferramenta de buscas baseada em inteligência artificial (IA). Segundo o jornal, a companhia violou repetidamente os seus direitos autorais apesar das tentativas de contato entre as partes.

O Times afirmou no processo que tentou contato com a Perplexity ao longo dos últimos últimos 18 meses, exigindo que a startup parasse de usar os conteúdos até que as duas empresas chegassem a um acordo. No entanto, a Perplexity continuou a usar o material do Times. A Perplexity não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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Esta é a segunda vez que o Times processa uma empresas de IA. Em dezembro de 2023, o jornal entrou com uma ação contra a OpenAI e sua parceira Microsoft, argumentando que as empresas treinaram seus modelos de IA usando milhões de artigos roubados. A Microsoft e a OpenAI, fabricante do ChatGPT, contestaram as alegações.

Já a Perplexity se tornou um alvo comum em processos por violação de direitos autorais. Em agosto deste ano, os jornais Nikkei e Asahi Shimbun, dois dos principais veículos de comunicação do Japão, entraram com processo contra a empresa. Por meio de uma ação judicial movida no Tribunal Distrital de Tóquio, os veículos buscam uma indenização de cerca de 2,2 bilhões de ienes, cerca de US$ 15 milhões.

Além dos veículos japoneses, a Perplexity também foi alvo de ações da Forbes, da Dow Jones (dona do Wall Street Journal), da News Corp, e do Yomiuri Shimbun. Em outubro, o fórum da internet Reddit também entrou com ação contra a Perplexity por roubo de dados para treinar modelos de IA.

Alegações

A ação do Times acusa a Perplexity de violação de direitos autorais, principalmente quando o mecanismo de busca da startup recupera informações de um site ou banco de dados e usa essas informações para gerar um texto e responder às consultas dos usuários da internet. Segundo o jornal, isso não configuraria "fair use" do material.

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Nos EUA, as principais empresas de tecnologia têm recorrido ao argumento do fair use para não pagar pelos conteúdos usados em treinamento de IA — a ideia é que os modelos generativos criam algo novo em cima de material já existente, em vez de copiar. Esse é um entendimento, por exemplo, inexistente na legislação brasileira. Na ação, o Times argumenta que a Perplexity pegou grandes partes do seu conteúdo — em alguns casos, artigos inteiros — e forneceu informações que competiam diretamente com aquilo que o The Times oferece aos seus leitores.

"A Perplexity fornece produtos comerciais aos seus próprios usuários que substituem o The Times, sem permissão ou remuneração", afirma a ação.

O jornal também acusou a Perplexity de prejudicar sua marca. Em alguns casos, segundo a ação, o mecanismo de busca da Perplexity inventou informações — o que os pesquisadores de IA chamam de "alucinação" — e atribuiu falsamente essas informações ao Times.

Das mais de 40 ações judiciais movidas por detentores de direitos autorais contra empresas de IA nos últimos quatro anos, a maioria ainda está tramitando nos tribunais. Em setembro, a Anthropic, rival da OpenAI, concordou em pagar US$ 1,5 bilhão a autores e editoras de livros depois que um juiz decidiu que a empresa havia baixado e armazenado ilegalmente milhões de livros protegidos por direitos autorais ao construir seus sistemas de IA.

Quem é a Perplexity

A Perplexity foi fundada em 2022 por um ex-engenheiro da OpenAI e opera um mecanismo de busca alimentado pelo mesmo tipo de tecnologia de IA que sustenta o ChatGPT.

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No início de 2024, após uma rodada de investimentos, a empresa foi avaliada em cerca de US$ 520 milhões. O serviço está disponível gratuitamente e, também, na versão paga, com a Perplexity Pro. Por US$ 20 por mês, o usuário tem acesso a modelos de IA mais avançados e consegue utilizar outros recursos, como carregar um arquivo próprio ao servidor.

Quando surgiu, ela botava em cheque o futuro da ferramenta de buscas do Google ao reimaginar o uso da tecnologia. Em vez de links, o sistema trazia respostas completas, baseadas no cruzamento de informações de diversos sites. A startup utiliza o modelos da OpenAI, além de seu próprio modelo de IA, uma variante do modelo de código aberto Llama2, da Meta.

O avanço da companhia, somado a ascensão do ChatGPT, forçou o Google a lançar o "Modo IA" nas buscas, que coleta informações em diversos sites e oferece respostas completas ao usuário, em um modelo que acende um alerta sobre a viabilidade do atual modelo de negócios na internet./ COM INFORMAÇÕES DO NEW YOK TIMES

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