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Aulas de redação, ética e bateria: conheça um curso de jurados do Carnaval

Com aulas teóricas e práticas, formação em São Paulo atrai interessados do Brasil e do exterior, e tem prova final

1 mar 2025 - 16h32
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Resumo
Existem cursos de formação de ligas de escolas de samba e particulares. Profissionalização do Carnaval passa por jurados competentes, isentos e com bagagem para avaliar. Justificativa escrita das notas exige clareza, dispensa adjetivos e palavras difíceis.
Aula de formação de avaliadores do Carnaval promovido pela União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), em São Paulo.
Aula de formação de avaliadores do Carnaval promovido pela União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), em São Paulo.
Foto: Divulgação UESP

O destino das escolas de samba passa pelos jurados, mas pouca gente sabe que muitos fizeram curso de formação específico. Existem vários pelo país, de ligas e particulares. Um dos mais respeitados é o da Escola de Formação de Avaliadores de Carnaval (EFA), mantida pela União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP).

Ele existe há mais de 30 anos, como escola há oito e, no próximo ano, terá diploma da Universidade Zumbi dos Palmares. A formação é ministrada por especialistas em dança, música e artes visuais, voltada principalmente à formação de avaliadores para os desfiles da própria UESP - neste ano, são 99, em quatro divisões de acesso.

Além de formar os avaliadores do próprio Carnaval, a UESP presta serviços a prefeituras que buscam avaliadores isentos e competentes. Ex-alunos fundam cursos, multiplicando a metodologia. “Às vezes, copiam a apostila e até o logotipo”, diz Alexandre Magno, presidente da UESP.

Alexandre Magno, presidente de UESP. No próximo curso, certificado será expedido pela Faculdade Zumbi dos Palmares.
Alexandre Magno, presidente de UESP. No próximo curso, certificado será expedido pela Faculdade Zumbi dos Palmares.
Foto: Divulgação UESP

O curso vai de agosto a dezembro. A última turma teve 395 inscritos de 45 cidades e 12 estados, como Amapá, além de estrangeiros da Colômbia e Uruguai. As aulas acontecem aos finais de semana, com gente da pesada, como mestre Marcão, da Nenê de Vila Matilde, e Denis Roberto, diretor-geral da Camisa 12, com passagens pela Império de Casa Verde e Vila Maria.

Curso tem aulas de redação

O responsável pelo curso da EFA é Alexandre Marcelino, ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, onde coordenava o curso de jurados. Ele explica que a formação é teórica e prática. Há apostilas e simulação, como colocar a bateria atrás de uma cortina, para testar a percepção auditiva dos alunos.

Segundo Marcelino, “não somos envolvidos nos concursos, não temos escolas de samba participando e não sobrevivemos da prestação de serviço de jurados. Por isso, somos referência, quiçá o melhor do Brasil, o único com essas matérias sobre construção de texto e ética”.

Construção de texto? “O objetivo não é ensinar a escrever, mas dar um roteiro de como justificar claramente a nota, que as escolas entendam. É norteador dos desfiles e vira um documento histórico”, explica o presidente da UESP. A disciplina é ministrada por professor com pós-doutorado.

Alexandre Marcelino, que coordena o curso da UESP. Formação de jurados para o próprio Carnaval é o principal objetivo.
Alexandre Marcelino, que coordena o curso da UESP. Formação de jurados para o próprio Carnaval é o principal objetivo.
Foto: Arquivo pessoal

A apostila é minuciosa sobre a justificativa escrita da nota, que pode gerar questionamentos. “Solicitamos que não utilizem adjetivos” e deve ser evitado “o uso de termos de difícil entendimento ou que haja dúvidas sobre a ortografia correta”. Pede-se atenção redobrada para justificar a nota máxima.

Habilitação para jurado e normas contratuais

Além do pessoal do samba, o curso é procurado por universitários, donas de casa, heteros, gays, trans, pretos, brancos, gente que quer atuar como jurado ou aprender mais sobre o Carnaval. Há certificado de participação e habilitação – este exige aprovação em prova com questões dissertativas e de múltipla escolha, com nota mínima 8.

“Nós temos uma mentoria pedagógica, um corpo de profissionais para observar os erros dos professores e jurados, e reorientar. São aulas de reciclagens”, explica o coordenador. Entre os cuidados, o jurado não pode beber, nem ter parentes envolvidos, muito menos usar celular durante o desfile.

Avaliação profissional tem ue justificar de maneira clara e objetiva, sem adjetivos, os desfiles das escolas.
Avaliação profissional tem ue justificar de maneira clara e objetiva, sem adjetivos, os desfiles das escolas.
Foto: Kaique Zurk SRzd

Avaliadores ficam isolados em hotéis (no mínimo, quatro estrelas) e, quando são diabéticos, a alimentação é diferenciada, sem massas, por exemplo. Para se manterem acordados, os jurados devem receber café e energéticos, previstos em contrato. O valor do cachê varia entre R$ 650,00 e R$ 900,00, dependendo da cidade e do desfile.

O presidente da UESP quer mais, inclusive modificar a nomenclatura. “Paramos de chamar de jurados, são avaliadores. Jurados muitas vezes se acham o próprio Deus, o punidor, mas eles precisam avaliar com justiça, isenção e competência”, explica.

Fonte: Visão do Corre
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