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Psicólogas afirmam que saúde mental é negligenciada como componente da pobreza

Transtornos de ansiedade, depressão e problemas relacionados ao estresse pós-traumático tendem a ser maiores nas quebradas

4 dez 2025 - 14h32
(atualizado às 14h51)
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Resumo
Psicólogas destacam que a saúde mental é negligenciada como componente da pobreza, com maiores índices de transtornos nas periferias, agravados por fatores estruturais, e apontam a necessidade de políticas públicas integradas para garantir acesso universal.
Moradores do São Luís, Jardim Ângela e Pp. Santo Antônio, na zona sul de São Paulo, realizam caminhada pela saúde mental.
Moradores do São Luís, Jardim Ângela e Pp. Santo Antônio, na zona sul de São Paulo, realizam caminhada pela saúde mental.
Foto: Paulo Pinto/AB

As psicólogas Adriana Chalela Curdoglo e Angela Medeiros, especialistas em saúde mental nas periferias, afirmam que, apesar das iniciativas públicas em prol da saúde mental de populações pobres, o tema ainda é negligenciado “como um componente da pobreza e da desigualdade”.

Elas participam do III Encontro de Saúde Mental da Afya UNIGRANRIO, e entendem que “a precariedade material e o sofrimento psíquico estão interligados, exigindo uma intervenção social integrada que não separe o corpo da mente.”

Adriana é integrante da diretoria da Associação de Profissionais da Saúde SAMECA (Saúde Mental Camarada) e Angela é vice-presidente da mesma instituição, além de pesquisadora do projeto Comunidades que Cuidam (USP).

Elas falaram ao Visão do Corre sobre saúde mental na periferia e preferiram que as respostas fossem creditadas às duas, pois concordam com os aspectos abordados.

Angela Medeiros, psicóloga e vice-presidente da SAMECA - Saúde Mental Camarada e pesquisadora do projeto Comunidades que Cuidam.
Angela Medeiros, psicóloga e vice-presidente da SAMECA - Saúde Mental Camarada e pesquisadora do projeto Comunidades que Cuidam.
Foto: Juliana Bizzo

Existem problemas de saúde mental cuja incidência é maior na periferia?

A incidência de transtornos de ansiedade, depressão e problemas relacionados ao estresse pós-traumático, derivados da violência e da precariedade, tende a ser maior. A raiz está nas opressões estruturais como racismo e misoginia, além da insegurança alimentar, falta de saneamento básico e violência policial, que são fatores estressores crônicos e sistêmicos, e não apenas individuais.

A estética degradada da periferia interfere na saúde mental?

Sim, a vida segue mais leve em espaços estruturados, organizados e sobretudo quando o indivíduo não está exposto a vulnerabilidades, quando não lhe falta o básico necessário para um desenvolvimento integral, como moradia, alimentação, segurança, acesso à cultura, entre outras necessidades.

Como avaliam o atendimento à saúde mental no serviço público?

O serviço público está sobrecarregado e segue ainda aquém de atender a demanda que se apresenta: contudo é, para uma boa parte da população a única forma de acesso a cuidado especializado.

Como vocês enxergam a barreira econômica para os tratamentos?

Não devemos ver o preço apenas como barreira, mas como um indicador para mobilizar mudanças estruturais e profundas, pois defendemos que exista saúde mental acessível a todos ao mesmo tempo que o trabalho do profissional não seja precarizado.

Adriana Chalela Curdoglo, psicóloga e  integrante da diretoria da Associação de Profissionais da Saúde SAMECA – Saúde Mental Camarada.
Adriana Chalela Curdoglo, psicóloga e integrante da diretoria da Associação de Profissionais da Saúde SAMECA – Saúde Mental Camarada.
Foto: Juliana Bizzo

O contexto parece ser de falta de acesso e trabalho não precarizado.

A questão, talvez, seja conciliar a crescente necessidade por cuidado em saúde mental – Brasil é campeão em casos relacionados à ansiedade – e as condições materiais desses indivíduos, considerando o trabalhador psicólogo.

O crescimento do interesse pela saúde mental vai popularizar o acesso ou ampliar as possibilidades para quem pode acessar?

O aumento do interesse reflete uma maior consciência social sobre a saúde mental. Contudo, sem políticas públicas efetivas e sem o fortalecimento do serviço público pelo SUS, o crescimento de profissionais tende a ampliar as possibilidades para quem já tem acesso econômico. A popularização do acesso real e universal só virá pela luta política para que o Estado garanta a saúde mental como um direito, e não como uma mercadoria.

Apesar de existirem inúmeros programas sociais, eles deixam de lado a saúde mental?

Concordamos. Os programas sociais como o Bolsa Família são necessários para combater a privação material imediata. No entanto, eles são insuficientes ao focar quase que exclusivamente na necessidade material. A saúde mental é negligenciada como um componente da pobreza e da desigualdade. A precariedade material e o sofrimento psíquico estão interligados, exigindo uma intervenção social integrada que não separe o corpo da mente.

Fonte: Visão do Corre
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