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Sangue de Réptil: filme de escola pública de quebrada vence prêmio de diversidade

Produção filmada em escola pública da zona sul da capital paulista colocou estudantes na tela e acabou sendo premiado

28 nov 2025 - 08h18
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Resumo
Em estilo vídeo-arte, filme Sangue de Réptil, gravado em escola pública da zona sul de São Paulo e dirigido pelo professor Thiago Camacho, venceu prêmio no Festival MT Queer ao abordar a realidade local, histórias de vida e temas LGBT+ numa narrativa de quebrada genuína e transformadora.
Estudantes da Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, zona sul de São Paulo, em exercício de performance.
Estudantes da Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, zona sul de São Paulo, em exercício de performance.
Foto: Divulgação

No meio do vai e vem da Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, próxima à lendária Estrada do M´Boi Mirim, zona sul de São Paulo, entre o barulho do sinal e as conversas pelos corredores, o professor Thiago Camacho transformou a rotina de estudantes e professores em cinema de quebrada.

O filme Sangue de Réptil, gravado exatamente no território onde o professor cresceu, vive e dá aulas, acaba de levar o prêmio de Melhor Vídeo-Arte no Festival MT Queer Premia 2025, um dos maiores festivais de cinema LGBT+ do Brasil, que homenageia produções que fortalecem a cultura da diversidade.

Cria do Jardim São Luís, periferia da Zona Sul de São Paulo, Thiago, de 37 anos, é performer, pesquisador da USP e diretor de cinema premiado internacionalmente. Ele resolveu transformar suas memórias de estudante e seu envolvimento profundo com as histórias de vida de seus alunos, em arte. Ou melhor, em vídeo-arte.

Estudantes da Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, zona sul de São Paulo, em exercício de performance.
Estudantes da Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, zona sul de São Paulo, em exercício de performance.
Foto: Divulgação

Escola é o centro da narrativa e volta à infância do professor

Em Sangue de Réptil, professores, estudantes, artistas e moradores, além de ajudar a criar e atuar nas cenas, relatam suas marcas de vida e escancaram suas urgências, expondo a realidade nua e crua das dificuldades de se estudar na quebrada. Uma vivência que afronta qualquer discurso pronto. 

Mais do que uma passagem pelo tapete vermelho, a premiação de Sangue de Réptil veio para coroar uma caminhada silenciosa de muito tempo. Uma relação que começou na infância do moleque do Jardim São Luís e foi sendo redesenhada conforme a caminhada avançou.

O filme gravado na Escola Estadual Caran Apparecido Gonçalves, como parte da pesquisa de doutorado do diretor-professor, retoma os corredores que acompanharam a infância e juventude de Thiago. E faz da escola o centro da narrativa, como um lugar fundamental para a juventude da comunidade.

Thiago Camacho e Douglas Garcia no filme Fora, premiado em Mumbai, Índia, coração de Bollywood.
Thiago Camacho e Douglas Garcia no filme Fora, premiado em Mumbai, Índia, coração de Bollywood.
Foto: Divulgação

Professor pesquisa o tema em doutorado na USP

Thiago ousou levar a arte contemporânea e pesquisá-la dentro da escola. Sua pesquisa de doutorado na Universidade de São Paulo (USP), realizada em escolas públicas da periferia da capital, investiga como a performance e o artivismo podem ajudar os estudantes a se expressar melhor e ter mais autonomia.

Uma arte questionadora que por vezes causa estranhamento, mas que ganhou força com os estudantes que se apoderaram dela para dizer o que sentem e pensam.

Em uma das cenas do filme, a provocação que revela as dificuldades: “Imagina, fazer trabalhos que revolucionam a escola? Vou dar a minha aulinha de artes, fazer o que me pedem e só. Fazer outras coisas? Tô fora”.

Thiago Camacho ganha o MT Queer Premia 2025 em Cuiabá, Mato Grosso, como melhor vídeo-arte pelo filme Sangue de Réptil.
Thiago Camacho ganha o MT Queer Premia 2025 em Cuiabá, Mato Grosso, como melhor vídeo-arte pelo filme Sangue de Réptil.
Foto: Arquivo Pessoal

Filme aborda temática LGBT+ dentro da escola pública

A temática LGBT+ é abordada no filme de um jeito verdadeiro, uma das explicações para o prêmio no Festival de Cinema Queer. “Não fica dando muita pinta, não”, diz a coordenadora ao professor, mostrando como ainda é difícil ser uma pessoa LGBT+ dentro do contexto escolar.

O filme mostra as muitas camadas do dia a dia na escola pública e o sangue frio por vezes necessário para poder continuar. É aquele “engolir em seco” de quem precisa lidar com situações duras que cruzam a rotina. Mas quem é do corre vai pra cima, como o professor Thiago Camacho.

O menino que estudou nas escolas do Jardim São Luís virou professor, pesquisador, e retorna, também como cineasta, transformando a quebrada em narrativa. Essa mistura, que para ele é só a vida acontecendo, se desdobra em um filme que emociona, porque nasce de um vínculo real.

Fonte: Visão do Corre
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