'Vale Tudo' fez propaganda de aparelho de diabete; saiba os cuidados e benefícios
Ao Terra, médica endocrinologista avaliou como uso da tecnologia altera o cotidiano de pacientes com diabetes
A personagem Solange Duprat, do remake de Vale Tudo, adotou o sensor FreeStyle Libre para monitorar a glicose, tecnologia que reduz picadas no dedo e oferece leituras contínuas, destacando-se como um recurso útil no manejo do diabetes.
A personagem Solange Duprat (Alice Wegmann), de Vale Tudo (Globo), convive com diabetes tipo 1 desde a infância. No capítulo exibido na terça-feira, 14, ela aderiu a uma nova tecnologia para monitorar a glicose em sua corrente sanguínea: o FreeStyle Libre.
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Apesar de a personagem do remake ter feito uma publicidade positiva sobre o produto, a reportagem do Terra consultou uma especialista para entender melhor o funcionamento do aparelho, seus benefícios e os cuidados necessários antes da compra.
O que é o FreeStyle Libre e como funciona?
De acordo com Fernanda Parra, médica endocrinologista formada pela Universidade Cidade de São Paulo e pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia, o FreeStyle Libre é um sensor de monitorização contínua da glicose, que mede o açúcar no sangue praticamente em tempo real, sem a necessidade da tradicional picada no dedo.
“Ele é colocado na parte de trás do braço, no subcutâneo, e faz uma leitura intersticial — ou seja, da glicose presente entre as células. O paciente passa o leitor, ou o celular, sobre o sensor e recebe o resultado instantaneamente, com gráficos e tendências”, explica a médica.
Segundo Fernanda, o aparelho realmente contribui para a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com diabetes, ajudando a evitar episódios traumáticos --como o desmaio da própria Solange Duprat no capítulo 99. Na ocasião, ela precisou ser socorrida pelo então namorado Afonso Roitman, interpretado pelo ator Humberto Carrão.
“É uma tecnologia que transformou o acompanhamento do diabetes. Além de reduzir o desconforto das picadas, permite observar como a glicose se comporta ao longo do dia, em resposta à alimentação, ao sono e à atividade física. Isso ajuda o paciente a entender melhor o próprio corpo e possibilita ajustes muito mais precisos no tratamento.”
Quem pode usar?
A endocrinologista afirma que o aparelho é indicado principalmente para pessoas com diabetes tipo 1, como a personagem da novela, que necessitam de monitoramento constante.
“Mas também pode ser muito útil para pacientes com diabetes tipo 2 que fazem uso de insulina, ou mesmo para aqueles que desejam entender melhor suas variações glicêmicas. Cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando custo, adesão e necessidade clínica”, explica, destacando que não há contraindicação para o uso do dispositivo.
Substitui a tradicional ‘picada’ no dedo?
Com o uso do sensor, o paciente reduz significativamente a necessidade de realizar o exame capilar tradicional, já que o aparelho mede a glicose de forma contínua. No entanto, segundo a médica, o teste antigo ainda não está totalmente obsoleto.
“Há situações em que ainda é necessária a conferência com o teste capilar, especialmente quando o sensor indica valores muito altos ou muito baixos, ou se o paciente estiver sentindo sintomas que não correspondem à leitura do aparelho. Ele não elimina 100% as picadas, mas substitui grande parte das medições diárias.”
Quais cuidados devem ser tomados?
A aplicação do sensor, como mostrou a personagem de Vale Tudo, é prática e rápida. Mesmo assim, Fernanda recomenda atenção a alguns detalhes, como a higienização adequada e o respeito ao tempo de uso indicado pelo fabricante.
“É importante higienizar bem a pele antes da aplicação, evitar áreas com suor ou atrito e respeitar o tempo de uso --geralmente 14 dias. O sensor deve ser aplicado corretamente, evitando locais com cicatrizes ou inflamações. Também é preciso cuidado para não descolar o dispositivo antes do tempo.”
Substitui o tratamento?
Por fim, Fernanda Parra ressalta que, embora facilite o dia a dia de quem tem diabetes, o aparelho não substitui o tratamento médico. “Os dados do sensor devem ser interpretados junto com o endocrinologista, que ajustará o tratamento conforme as necessidades de cada paciente”, enfatiza.