Intoxicação por metanol: bar próximo à Paulista é lacrado por suspeita de vender bebida adulterada
Mulher diz ter frequentado o 'Ministrão' antes de passar mal e perder a visão; estabelecimento não comentou a interdição
Teve início nesta terça-feira, 30, a interdição de estabelecimentos com suspeita de comercialização de bebidas fraudadas. Um dos alvos da ação foi o bar "Ministrão", na Alameda Lorena, nos Jardins, onde uma das vítimas disse ter consumido bebida alcoólica antes de passar mal e perder a visão. Ela continua hospitalizada.
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O endereço já havia sido citado no Boletim de Ocorrência registrado por familiares da vítima, documento ao qual o Estadão teve acesso. A reportagem procurou o estabelecimento, que não comentou.
Dados do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo confirmam cinco óbitos e sete casos de intoxicação por metanol, com suspeita de consumo de bebida adulterada. Outros 15 casos seguem em investigação.
A interdição será aplicada a estabelecimentos com suspeita de comercialização de bebidas fraudadas, de acordo com o poder estadual.
"É fundamental fazer esse fechamento cautelar de todos os estabelecimentos em que tivemos ocorrência para aprofundar a investigação. O estabelecimento só vai ser liberado para voltar a funcionar se tivermos certeza de que está seguro", afirmou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em entrevista coletiva.
O governo de São Paulo descarta o envolvimento de uma facção criminosa. A hipótese de elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC) foi levantada pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação. No domingo, 28, a entidade havia apontado que a substância usada para adulterar as bebidas poderia ser a mesma importada ilegalmente pela facção para ser misturada nos combustíveis.
A suspeita é de que as práticas sejam conduzidas por quadrilhas independentes.
A interdição se soma a outras ações do poder estadual que foram divulgadas nesta terça-feira de combate à intoxicação por metanol e a investigação dos envolvidos.
Entre elas estão a implantação de um gabinete de crise, além da abertura de cinco inquéritos, as prisões de dois suspeitos e a apreensão de 50 mil garrafas em operações contra os casos de intoxicação por metanol no estado.
Atenção aos sintomas
Os primeiros sintomas da intoxicação por metanol aparecem logo após a ingestão da substância, geralmente usada ilegalmente para adulterar bebidas alcoólicas como gim, whisky e vodka.
Essas manifestações iniciais são parecidas com os sinais de embriaguez, como fala pastosa e reflexos diminuídos. Mas a contaminação pode levar a efeitos mais graves, como alterações no sistema nervoso central que podem variar da sonolência à cegueira.