Críticas da “The Economist” à infraestrutura de Belém geram polêmica às vésperas da COP30
Revista britânica afirma que capital do Pará não tem estrutura para receber a conferência da ONU e prevê dificuldades logísticas
Belém foi escolhida como sede da COP30, mas enfrenta críticas da revista The Economist por falta de estrutura para receber 50 mil visitantes, destacando escassez de hotéis e infraestrutura precária.
A escolha de Belém como sede da COP30, conferência do clima das Nações Unidas marcada para 10 a 21 de novembro deste ano, voltou ao centro dos debates internacionais após uma reportagem publicada pela revista britânica The Economist. No texto, a publicação critica duramente as condições da capital paraense e afirma que o evento “certamente será um caos”.
“Belém é uma cidade esburacada na Amazônia brasileira, quente, pontilhada de esgoto a céu aberto e com escassez de leitos de hotel. Cerca de 40% de suas casas não têm rede de esgoto. E em novembro sediará a COP30, a cúpula do clima da ONU deste ano, que certamente será um caos”, afirma a revista.
A crítica mais contundente recai sobre a capacidade da cidade em receber os cerca de 50 mil visitantes esperados. Segundo a reportagem, a rede hoteleira de Belém comporta aproximadamente 23 mil pessoas - sendo que 5 mil dessas vagas estarão em cruzeiros ancorados em um porto próximo. A alternativa, segundo The Economist, tem sido adaptar outros espaços para hospedagem: “Escolas públicas e quartéis militares estão sendo equipados com ar-condicionado e beliches para se tornarem ‘albergues’. Os motéis também serão uma opção”.
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A reportagem menciona ainda o impacto direto da alta procura por acomodações na região. “Muitos moradores querem apenas ganhar um dinheiro rápido: no Airbnb, um quarto de má qualidade é anunciado por quase US$ 10.000 (quase R$ 60 mil) por dia durante as semanas da cúpula”, descreve a publicação.
Em tom mais analítico, a revista afirma que a Amazônia representa “as escolhas difíceis a serem feitas entre crescimento econômico e proteção ambiental”. Como exemplo, menciona a abertura de uma rodovia: “um trecho de 13 km de floresta intocada foi derrubado para dar lugar a uma rodovia que aliviaria o trânsito”, diz o texto, sem detalhar o projeto. Também aponta que “alguns projetos de infraestrutura exigiram a dragagem e o preenchimento de rios e canais de esgoto com concreto”.